Durante meses, o advogado brasileiro de Duarte Lima acusou a polícia daquele país de "despreparo", "manipulação de provas" e até de "falta de seriedade e de credibilidade". Mas o DN descobriu que actualmente é ele quem gere, num outro estado do Brasil, a força policial que tanto criticou e que agora está prestes a concluir a investigação ao homicídio de Rosalina Ribeiro - a Polícia Civil..Em Outubro do ano passado, dois meses antes de ser eleito secretário de Segurança, Justiça e Cidadania do estado do Tocantins, João Costa Ribeiro Filho disse em comunicado de imprensa estar "muito surpreendido e indignado ao ver a publicação na comunicação social portuguesa da carta rogatória enviada pela polícia brasileira com a totalidade das perguntas", alegando que tal facto era "mais uma demonstração da falta de seriedade e credibilidade" das autoridades..No mesmo comunicado, reiterava ainda as severas críticas feitas pelo seu colega português aos investigadores brasileiros: "A colocação permanente de informações relativas à investigação (...) são a prova cabal do despreparo da polícia do Rio de Janeiro e evidenciam uma clara manipulação de provas, como referiu há dias com toda a sua autoridade o Prof. Germano Marques da Silva.".Mas depressa Duarte Lima perdeu os serviços do seu advogado brasileiro. Isto, porque João Costa Ribeiro e Filho foi escolhido para ocupar o cargo de secretário de Segurança, Justiça e Cidadania. Na prática, o ex-advogado de Duarte Lima passou a ser responsável, no estado do Tocantins (a cerca de 1500 quilómetros do Rio de Janeiro), pelo sistema penitenciário, gestão da Polícia Civil e ainda pela chefia da Polícia Comunitária..Actualmente Domingos Duarte Lima conta apenas com os serviços de Maria Aparecida de Medeiros, uma advogada pouco conhecida no Brasil, mas que desde o início auxiliou João Ribeiro neste processo. Principalmente, no contacto pessoal com a polícia do Rio de Janeiro, visto que João Costa Ribeiro Filho vivia em Brasília e não se podia deslocar à delegacia carioca sempre que necessário..A escolha de João Ribeiro Filho para um cargo em que uma das principais funções é a gestão da Polícia Civil do estado do Tocantins não foi unânime. Uma das vozes opositoras mais fortes foi a de um deputado da Assembleia Legislativa daquele estado brasileiro. Stálin Bucar argumentou, na altura, que o advogado não estaria apto para exercer tal cargo dado que, segundo ele, João Ribeiro está a ser alvo de uma investigação pelo Polícia Federal..Tudo terá começado quando, no Tribunal Regional Eleitoral, João Costa Ribeiro Filho foi alegadamente apanhado a retirar documentos respeitantes ao processo de impugnação da candidatura do governador Carlos Henrique Gaguim - do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - o opositor do candidato apoiado pelo ex-advogado de Duarte Lima: José Wilson Siqueira Campos do partido da Social Democracia Brasileira. Mais tarde, foi, exactamente, Siqueira Campos, já como governador, que escolheu João Costa Ribeiro Filho para actual secretário de Segurança Pública no estado de Tocantins.