Evo Morales troca México pela Argentina e vai ter estatuto de refugiado

Ex-presidente boliviano foi pressionado pela polícia e pelos militares a renunciar em novembro, após protestos nas ruas contra a sua reeleição para um quarto mandato consecutivo num escrutínio considerado fraudulento.
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O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, chegou esta quinta-feira à Argentina procedente de Cuba, onde esteve para realizar uma consulta médica, e deverá permanecer no país, confirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros argentino, Felipe Solá. Morales tinha-se refugiado no México após deixar a Bolívia.

"(Evo Morales) acabou de aterrar (aeroporto) em Ezeiza. Vem para ficar na Argentina na qualidade de requerente de asilo e obterá de seguida o estatuto de refugiado", declarou o ministro ao canal de televisão TN.

O ministro lembrou que, "há um mês", Morales solicitou asilo à Argentina e o presidente cessante, Maurício Macri, "não o concedeu". O ministro argentino garantiu que Evo Morales "sente-se mais em casa aqui do que no México", estando no país também dois dos seus filhos.

O presidente eleito da Argentina, o peronista de centro-esquerda Alberto Fernández, pronunciou-se em novembro a favor da concessão de asilo a Evo Morales, que alega ter sido vítima de um "golpe".

Na terça-feira, Alberto Fernández foi investido chefe de Estado da Argentina.

Pressionado pela polícia e pelo exército, Evo Morales foi forçado a renunciar a 10 de novembro, após três semanas de manifestações para protestar contra as fraudes nas eleições presidenciais, segundo a oposição e a Organização dos Estados Americanos (OEA).

Morales tentava um quarto mandato consecutivo, depois de quase 14 anos no poder da Bolívia.

O ex-presidente boliviano declarou que havia sofrido um "golpe", refugiando-se no México, liderado por um presidente de esquerda, Andrés Manuel Lopez Obrador.

Na sexta-feira, depois de quase um mês no México, Morales tinha viajado para Cuba, de onde partiu esta quinta-feira para Buenos Aires.

Os dois filhos do ex-presidente boliviano, Evaliz e Álvaro, que nunca ocuparam cargos públicos, chegaram à capital argentina de La Paz no final de novembro.

Enquanto isso, o parlamento boliviano aprovou uma lei a convocar novas eleições presidenciais e legislativas, sem Morales, que não poderá concorrer.

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