O presidente do CDS-PP acusou esta segunda-feira o parlamento de querer mergulhar o país num "pântano moral" com a aprovação da eutanásia e considerou que a lei foi feita "na surdina e na calada dos corredores do poder".."Somos naturalmente violentamente contra esta ideia de pântano moral em que a Assembleia da República, patrocinada pelos partidos de esquerda, quer neste momento mergulhar o nosso país, com a feitura de um diploma à revelia dos portugueses, na surdina e na calada dos corredores do poder, numa altura em que Portugal atravessa uma terceira vaga pandémica que levará a outro confinamento", afirmou Francisco Rodrigues dos Santos..O líder centrista reiterou que o CDS tem uma posição "frontalmente contra a eutanásia, uma vez que se afirma como um partido de direita, defensor dos valores da vida e da dignidade da pessoa humana desde a conceção até à morte natural".."O CDS é frontalmente contra este pântano moral que arruína a relação médico doente, mina a confiança no nosso sistema de saúde, atribui aos médicos um poder de matar que não é permitido pela nossa Constituição que seja atribuído, por exemplo, a juízes, e por outro lado concede ao Estado a função de matar", elencou, criticando que "mais de 80% da população" não tenha acesso a cuidados paliativos..Francisco Rodrigues dos Santos defendeu também que o diploma é inconstitucional. .O presidente do CDS esteve esta segunda-feira reunido com a Federação Portuguesa pela Vida, para analisarem o tema da eutanásia, cujo diploma final será formalmente discutido e votado na quarta-feira na especialidade, na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, seguindo depois para votação final global, em plenário da Assembleia da República, o que poderá ocorrer na sexta-feira.."Numa altura como esta, e perante os dados que temos em cima da mesa, o CDS não quer um Estado que mate, quer um Estado que cuide inclusivamente daqueles que estão em sofrimento", salientou, defendendo "um Estado cuidador, amigo, que zele pelo valor da vida e que dê a todos os portugueses os cuidados de saúde que cada um merece e que estão garantidos" pela Constituição..Também em declarações aos jornalistas no final da reunião, a presidente da Federação Portuguesa pela Vida, Isilda Pegado, criticou que o parlamento se prepare para votar a despenalização da morte medicamente assistida "sem que o povo português conheça que lei é que está para sair", que teve "alterações substanciais" aos "projetos que foram inicialmente aprovados"..Por isso, pede aos partidos que "atuem com responsabilidade"..Do que já sabe, Isilda Pegado critica que a lei determine "o pagamento do seguro de vida obrigatório" quando, "em caso de suicídio, o seguro de vida cai imediatamente", e que estabeleça que "a pessoa tem direito a pedir de imediato um novo processo de eutanásia" por "quatro vezes"..A Assembleia da República tem em curso o debate da lei para a despenalização da morte medicamente assistida, depois de ter aprovado, em 20 de fevereiro, cinco projetos do PS, BE, PEV, PAN e Iniciativa Liberal, por maioria e na generalidade..A lei só é aprovada em definitivo após o debate na especialidade e a votação final global no parlamento, dependendo a sua entrada em vigor da promulgação pelo Presidente da República..À direita, o CDS-PP e Chega são contra e o PCP também. No PSD há divisões e no PS igualmente..Os diplomas preveem, nomeadamente, que só possam pedir a morte medicamente assistida, através de um médico, pessoas maiores de 18 anos, sem problemas ou doenças mentais, em situação de sofrimento e com doença incurável.