Europa sob ameaça de nacionalismo e populismo - diretor de fundação alemã

A Europa está sob ameaça do nacionalismo e do populismo, advertiu na segunda-feira o diretor da Fundação Konrad Adenauer para Portugal e Espanha, adiantando que as forças populistas podem ganhar "uma parte considerável dos votos" nas próximas europeias.
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"A Europa é um projeto muito lindo, mas atualmente está sob uma ameaça interna que tem dois nomes: o nacionalismo e o populismo", declarou Wilhelm Hofmeister, na 4.ª sessão do ciclo de conferências "Nós e a Europa", desta vez subordinada ao tema "Nacionalismo, Populismo e Reforma Institucional", que decorreu hoje em Ovar, distrito de Aveiro.

Tendo como base as mais recentes previsões das próximas eleições europeias, Hofmeister disse que poderemos assistir a uma ascensão dos partidos nacionalistas e populistas que "vão ganhar uma representação considerável no Parlamento Europeu, talvez até 15%".

Para combater estes fenómenos, Hofmeister afirmou que é preciso encontrar formas de cooperação internacional para "organizar melhor a migração" e encontrar fórmulas para os partidos políticos se aproximarem dos cidadãos.

A mesma opinião foi partilhada por Jorge Neto, ex-vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, outro dos oradores, que apontou o caso português como exemplo de um sistema eleitoral "caduco".

"Reiteradamente as pessoas que são escolhidas para o parlamento são pessoas que decorrem de uma escolha que é feita criteriosamente pelos diretores partidários. Esta não é a forma de aproximar eleitores e eleitos", considerou.

Jorge Neto realçou que na Europa ocidental "só Portugal e Espanha é que continuam com este sistema político de eleição por lista partidária", adiantando que todos os outros países "têm um sistema de eleição uninominal ou, pelo menos, misto".

"Não é mais possível defender a proximidade dos eleitores quando são chamados a votar e desconhecem as pessoas em quem votam", afirmou, referindo que a reforma do sistema político português no futuro é "absolutamente inexorável".

Nuno Sampaio, especialista em sistema eleitoral, o terceiro orador convidado, notou que o crescimento do populismo e do nacionalismo está relacionado com o distanciamento dos partidos moderados.

"As pessoas ouvem essas vozes porque estão distantes dos partidos moderados. E uma das causas é porque os partidos moderados têm falhado as promessas, nomeadamente a do crescimento económico", explicou.

Nuno Sampaio defendeu a existência de um "patriotismo razoável", que "deve ser acarinhado pelos partidos moderados", para contrapor ao "nacionalismo de extremo"

Considerou ainda que é necessário aprofundar as relações com os vários grupos sociais ao nível local, com o intuito de perceber as dificuldades sentidas pela população e conseguir responder aos seus anseios.

O ciclo de conferências "Nós e a Europa" é uma organização do PSD em parceria com a Fundação Konrad Adenauer e com o Instituto Sá Carneiro.

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