Europa prepara mega resgate para Espanha e Itália
A diferença deste mecanismo para aquele que foi utilizado para Portugal, Grécia e Irlanda é que em vez de o dinheiro da ajuda ser entregue diretamente ao Governo do país, em troca de um programa de medidas estruturais, o fundo compra a dívida do Estado sem interferir na administração do Executivo.
O Fundo Europeu de Estabilidade deve contribuir com 500.000 milhões de euros e o Fundo de Estabilidade Financeira Europeu com 250.000 milhões de euros, valor que deverá servir para comprar títulos de dívida dos dois países e acalmar os mercados.
Apesar das notícias da imprensa britânica que já falam num mega resgate para a Itália e para a Espanha, sabe-se que o Executivo de Madrid vai esperar pelos resultados das auditorias aos bancos antes de avançar com qualquer pedido de resgate. A certeza é do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, que falou à margem da cimeira do G20.
"O que fazemos é negociar o memorando" que acompanhará o pedido de ajuda, declarou Rajoy em conferência de imprensa no final da cimeira do G20, salientando que as condições dessa ajuda dependem do resultado das auditorias sobre as necessidades de capital da banca espanhola.
Rajoy acrescentou que essas auditorias são necessárias para se decidir se Espanha irá recorrer a um dos fundos de resgate europeus existentes "ou a outro instrumento distinto", sem especificar.
O responsável realçou que o seu Governo pretende avançar com o mecanismo de ajuda à banca "com a maior celeridade possível", depois de líderes europeus, como a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, terem apelado à formalização do pedido de crédito o mais depressa possível.
Além disso, o presidente do Governo espanhol negou as notícias de que a chanceler alemã terá aproveitado a sua participação nos encontros do G20 em Los Cobos, México, para pressionar Espanha a acelerar o pedido de resgate europeu para a banca.
"Não houve qualquer pressão", disse Mariano Rajoy, perante insistentes perguntas de jornalistas espanhóis no México.
"Estamos pendentes de determinar que instrumento será utilizado [para o empréstimo]. Estamos a negociar o memorando e é importante que haja a maior celeridade possível. Mas desde logo nós somos os mais interessados", afirmou.
Em declarações aos jornalistas, citadas pela agência Efe, a chanceler alemã, Angela Merkel, confirmou que o tema da ajuda à banca espanhola foi tratado na cimeira do G20, onde os líderes pediram a Espanha clareza sobre os detalhes de como e quando se produzirá o pedido de resgate à banca.
Na cimeira, segundo a chanceler alemã, os participantes mostraram um "amplo consenso" em que Espanha receba a ajuda europeia quando se conheça o detalhe dos relatórios externos pedidos sobre o setor financeiro.