Nasdaq quer Bolsa de Londres para desafiar NYSE/Euronext
A sociedade que gere a plataforma electrónica Nasdaq deu ontem a conhecer ao mercado uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Bolsa de Londres (LSE-London Stock Exchange). Esta iniciativa, avaliada em perto de quatro mil milhões de euros, visa constituir a maior Bolsa mundial em termos de empresas cotadas. E concorre directamente com a Bolsa de Nova Iorque (NYSE) /Euronext - se esta fusão for aprovada pelos accionistas do grupo pan-europeu onde está integrada a Bolsa de Lisboa.
Esta é a quarta ofensiva do Nasdaq para comprar a LSE, depois das tentativas fracassadas em 2000, 2002 e, mais recentemente, em Março deste ano. E revela o apetite que os mercados europeus despertam nas Bolsas dos EUA, dada as características de diversificação do negócio que a LSE ou o Euronext, por exemplo, oferecem às congéneres norte-americanas.
A proposta do Nasdaq foi recusada novamente pela administração da LSE, que considera o seu valor demasiado baixo. Segundos os analistas citados pelas agências internacionais, o Nasdaq avançou agora depois da queda que as acções da LSE sofreram nas últimas semanas. Uma desvalorização acentuada, na semana passada, pela iniciativa de sete grandes bancos mundiais de constituir uma bolsa própria.
O Nasdaq já controla 28,75% da LSE depois de ter reforçado significativamente a sua posição nos últimos meses. A plataforma norte-americana pretende assim criar um obstáculo ao surgimento de OPA concorrentes. Durante o dia de ontem, circularam rumores no mercado de que o Euronext poderia estar interessado em concorrer com o Nasdaq pelo controlo da LSE. O grupo pan-europeu não quis comentar esta possibilidade.
Guerra entre rivais dos EUA
A OPA do Nasdaq sobre a LSE constitui o último capítulo da batalha entre as duas maiores Bolsas norte-americanas pelo território privilegiado dos mercados europeus. O facto de as Bolsas europeias terem um negócio altamente diversificado - para além dos mercados de acções, oferecem também a negociação de derivados (futuros e opções) e de obrigações - torna a expansão na Europa determinante para reclamar a liderança mundial nesta actividade.
A administração do Euronext já aceitou a proposta da NYSE e aguarda agora pela aprovação dos seus accionistas (que acontecerá numa assembleia geral marcada para o mês de Dezembro). O eventual novo grupo resultante desta fusão será o maior do mundo em volumes de negócio. E a estratégia passa também por um eventual alargamento desta união à Bolsa de Tóquio, seja através de uma parceria, seja mediante uma fusão das actividades.