O ex-líder da milícia pró-indonésia "Aitarak", Eurico Guterres, é candidato pelo PAN - Partido do Mandato Nacional - ao Parlamento Nacional Indonésio, nas eleições gerais do dia 9 de abril, informa a imprensa australiana nas edições de sábado..Segundo os diários Sydney Morning Herald e The Age, Guterres está em campanha para representar uma das mais pobres províncias da Indonésia, contando com apoio de timorenses integracionistas, residentes desde há dez anos no lado oeste da ilha..O PAN tem suas raízes no movimento islâmico indonésio moderado Muhammadiyah e, embora não seja tradicional e forte em Timor Ocidental, garantiu cerca de 10 por cento dos assentos parlamentares na última eleição. .Ainda segundo os jornais autralianos, apesar do seu passado "tenebroso", Guterres está a promover-se como um político limpo. ."Há corrupção em todos os lugares, mas ninguém foi preso. Eu quero mudar isso tudo", afimou Guterres ao Sydney Morning Herold..Eurico Guterres, antigo líder da milícia Aitarak ("espinho"), foi considerado culpado e depois absolvido na Indonésia dos crimes contra a humanidade, praticados em 1999 em Timor-Leste, durante o processo da consulta popular que conduziu o território à independência. Apesar das acusações, é considerado como herói nacional por muitos indonésios..O ex-Aitarak foi acusado de organizar um ataque da milícia na casa do pró-independentista Manuel Carrascalão, em Abril de 1999, que resultaram em 12 mortes, a principal alegação do seu indiciamento por crimes contra a humanidade. .Naquele ano, Guterres também fez um famoso discurso em Timor-Leste, na capital Díli, a declarar que o país se transformaria num "mar de fogo" se os timorenses votassem pela independência. .Guterres cumpriu dois anos de uma pena de dez anos antes de ser absolvido e libertado no ano passado..Em entrevista à Agência Lusa, no ano passado, Guterres afirmou que "os direitos não pertencem apenas àqueles que foram vítimas e morreram, mas também àqueles que ainda estão vivos"..Eurico Guterres vive em Kupang, capital de Timor Ocidental, mas tem feito campanha nas cidades e vilas ao longo da fronteira com Timor-Leste, onde vive a maioria dos cidadãos pró-indonésios de Timor-Leste, fugidos do país com a intervenção internacional que pacificou o território em 1999..De acordo com os jornais australianos, as condições de vida em Timor Ocidental permanecem duras. Neste mês, os meios de comunicação locais relataram a morte de seis crianças por desnutrição, e, além disso, a área também está referenciada pelo contrabando de combustível, medicamentos e armas.