Milhares de iraquianos gritam "Morte à América" em funeral de Qassem Soleiman

Milhares de iraquianos gritaram este sábado "Morte à América", no cortejo fúnebre do principal general iraniano e de um chefe paramilitar iraquiano, mortos na sexta-feira num ataque aéreo dos Estados Unidos ordenado por Donald Trump.
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As cerimónias fúnebres realizaram-se no distrito de Kazimiya, no norte de Bagdad, que abriga um famoso santuário xiita. De acordo com agências internacionais, muitos dos presentes estavam vestidos de preto e levavam consigo bandeiras iraquianas e bandeiras de milícias apoiadas pelo Irão.

Qassem Soleiman, comandante da força de elite dos Guardiães da Revolução iranianos, Al-Qods, morreu na sexta-feira num ataque dos EUA com um drone [aparelho aéreo não tripulado], em Bagdad, juntamente com o número dois da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque (Hachd al-Chaab e Abu Mehdi al-Muhandis) e outras oito pessoas.

Também esta manhã o Presidente iraniano, Hassan Rohani, avisou que os Estados Unidos vão sofrer "as consequências" do assassínio do general Qassem Soleimani "não apenas hoje, mas ao longo dos próximos anos".

Anteriormente, o líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, tinha prometido vingar a morte de Soleimani, e o Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano disse que a vingança ocorrerá "no lugar e na hora certos".

Tanto para os seus apoiantes, como para os seus críticos, Qassem Soleimani, que desempenhou um papel importante no combate aos jihadistas, era encarado como o homem-chave da influência iraniana no Médio Oriente, tendo reforçado o peso diplomático de Teerão, nomeadamente no Iraque e na Síria, dois países onde os Estados Unidos estão envolvidos militarmente.

O diferendo entre os Estados Unidos e o Irão é longo e a tensão tem vindo a subir de tom desde que o Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou unilateralmente, em meados de 2018, Washington do acordo internacional sobre o dossiê nuclear iraniano (firmado em 2015), e decidiu restaurar sanções devastadoras para a economia iraniana.

Para reforçar uma eventual resposta a uma reação iraniana, os Estados Unidos decidiram enviar mais 3.000 militares para o Médio Oriente.

"Vão ser criados dezenas de generais Soleimani"

Numa reunião com a famílai do genereal o presidente iraniano, Hassan Rohani afirmou que "os norte-americanos não perceberam o grande erro que cometeram (...). Sem dúvida, os Estados Unidos são muito mais odiados hoje (do que antes) entre o povo do Irão e do Iraque".

O Presidente iraniano disse que "os jovens iranianos seguem e amam o caminho" traçado pelo comandante da força de elite iraniana Al-Quds e, portanto, no Irão "serão criados, se Deus quiser, dezenas de generais Soleimani".

"A vingança do sangue do mártir Soleimani ocorrerá no dia em que virmos que, com a continuidade da luta, será cortada para sempre a mão maligna dos EUA na região", afirmou ainda Rohani, segundo um comunicado da Presidência iraniana.

Segundo Rohani, o ataque realizado em Bagdad pelos Estados Unidos "permanecerá na história dos seus maiores crimes inesquecíveis contra a nação do Irão".

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