EUA dizem não ter recebido provas do envolvimento de Gülen na tentativa de golpe

Os pedidos de extradição de Fethullah Gülen não foram aceites pelos norte-americanos e eles falam agora de falta de provas
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A Turquia apresentou quatro pedidos de extradição do opositor exilado nos Estados Unidos Fethullah Gülen, mas nenhum fornece provas sobre o alegado envolvimento do clérigo muçulmano na tentativa de golpe de julho passado, disse hoje um responsável norte-americano.

"Não apresentaram qualquer pedido de extradição relacionado com o envolvimento de Gülen na tentativa de golpe", afirmou o responsável sob condição de anonimato, citado pela agência noticiosa francesa AFP.

A mesma fonte precisou que os quatro pedidos de extradição do clérigo muçulmano apresentados até à data por Ancara estão relacionados "com alegações de comportamento criminal que antecedeu o golpe".

Ancara acusa Fethullah Gülen, um antigo aliado que se transformou num arqui-inimigo do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, de ter planeado a tentativa de golpe do passado dia 15 de julho a partir do Estado norte-americano da Pensilvânia, onde vive desde 1999.

As autoridades de Ancara exigem que o clérigo turco seja colocado em detenção provisória e que regresse à Turquia para enfrentar as acusações que recaem sobre ele, mas Washington insiste na apresentação de provas diante dos tribunais norte-americanos, antes da concretização de um eventual processo de extradição.

O responsável norte-americano citado pela AFP integra a comitiva do vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, que chegou hoje à Turquia para encontros com Erdogan e com o primeiro-ministro Binali Yildirim.

A visita de Biden à Turquia, um importante aliado na NATO, está a ser interpretada como um esforço para tentar atenuar o clima de tensão entre os dois países após o golpe falhado de julho. A extradição de Fethullah Gülen será um dos pontos de pressão que Biden tem de gerir.

As autoridades turcas "não apresentaram qualquer prova [às autoridades norte-americanas] sobre a possível ligação de Gülen ao golpe", indicou o mesmo responsável, acrescentando que qualquer decisão de extradição será feita no âmbito de um processo judicial, sem interferência da Casa Branca.

"Podemos trabalhar com os turcos para apresentar provas, mas é o tribunal que decide", prosseguiu a fonte, salientando ainda que uma tentativa de politizar o assunto "poderia ser contraproducente".

"Nem o Presidente [dos EUA Barack Obama], nem o vice-presidente [Biden] podem decidir de forma unilateral", concluiu.

Em Ancara, Biden declarou hoje "compreender os sentimentos intensos" das autoridades turcas em relação Fethullah Gülen, assegurando que Washington "irá cooperar" com o seu país aliado.

Na sequência da tentativa de golpe, o executivo turco declarou o estado de emergência e desencadeou uma purga em diversos organismos estatais e setores da sociedade turca para localizar os alegados seguidores de Fethullah Gülen.

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