EUA avisam que El Niño já chegou e vai ter impactos em todo o mundo

"Dependendo da sua força, o El Niño pode causar uma série de impactos, como aumentar o risco de chuvas fortes e períodos de seca em determinados locais do mundo"
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O esperado fenómeno climático El Niño já se formou no Oceano Pacífico, aumentando os receios sobre novos recordes de temperatura e acontecimentos climáticos extremos, avisaram esta quinta-feira cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA).

Marcado por temperaturas da superfície do mar mais quentes do que a média no Oceano Pacífico central e oriental, perto do equador, o padrão climático ocorreu pela última vez em 2018-19 e ocorre em média a cada 2-7 anos.

"Dependendo da sua força, o El Niño pode causar uma série de impactos, como aumentar o risco de chuvas fortes e períodos de seca em determinados locais do mundo", disse a cientista do clima da NOAA Michelle L'Heureux.

"As alterações climáticas podem exacerbar impactos relacionados com o El Niño. Por exemplo, pode provocar novos recordes de temperatura, principalmente em áreas que já estão sob temperaturas acima da média", acrescentou.

A Austrália alertou nesta semana que o El Niño trará dias mais quentes e secos a um país vulnerável a incêndios florestais ferozes, enquanto o Japão já disse que o El Niño, em formação, foi parcialmente responsável pela primavera mais quente já registada.

A influência do fenómeno nos Estados Unidos é fraca durante o verão, mas mais pronunciada a partir do final do outono até a primavera, disse a NOAA em seu comunicado.

No inverno, estima-se que haja 84% de hipóteses de se desenvolver um El Niño "mais do que moderado" e 56% de se tornar mesmo num fenómeno de fortes dimensões.

Os efeitos previsíveis serão condições mais húmidas do que a média em algumas partes do país, do sul da Califórnia à costa do Golfo, mas mais secas do que a média no noroeste do Pacífico e no vale de Ohio. Também aumentam as probabilidades de temperaturas mais quentes do que a média nas partes do norte do país.

Os impactos do El Niño também já foram considerados nas previsões de furacões da NOAA no mês passado. O fenómeno tem um efeito supressor na atividade de furacões no Atlântico, mas normalmente aumenta a atividade de furacões no Pacífico central e oriental.

Os fenômenos El Niño são alterações significativas na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, com grandes alterações no clima.

Durante um ano "normal", sem a ocorrência fenómeno El Niño, os ventos alísios sopram no sentido leste-oeste através do Oceano Pacífico tropical.

Quando acontece um El Niño, os ventos sopram com menos força ou invertem mesmo a direção em todo o centro do Oceano Pacífico, resultando numa diminuição da ressurgência de águas profundas e na acumulação de água mais quente do que o normal na costa oeste da América do Sul.

Outra consequência de um El Niño é a alteração do clima em todo o Pacífico equatorial: as massas de ar quentes e húmidas acompanham a água mais quente, provocando chuvas excepcionais na costa oeste da América do Sul e secas na Indonésia e Austrália.

Os investigadores acreditam que o fenómeno é acompanhado pelo deslocamento de massas de ar pelo globo, provocando alterações do clima em todo o mundo, como os verões excecionalmente quentes na Europa ou as secas em África.

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