Estudo da revista Nature aponta os locais onde há mais risco de contágio

Estudo feito por investigadores norte-americanos recolheu dados sobre a mobilidade de 98 milhões de cidadãos de dez das maiores cidades norte-americanas e cruzou-o com o número de infeções reportadas.
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O metro, os restaurantes, os ginásios, os cafés e os hotéis são os locais onde há maior risco de contágio pelo novo coronavírus. Esta foi a conclusão de um estudo americano, após analisar dados de 98 milhões de pessoas de dez das principais cidades do país com mais casos e mortes por covid-19 no mundo e os cruzar com as infeções reportadas nessas regiões.

"Existem locais de menor dimensão, onde estão presentes mais pessoas, e onde estas permanecem por mais tempo", afirmou Jure Leskovec, co-autor do estudo e professor na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, explicando que "restaurantes, ginásios e cafés estão entre os 10% dos locais que parecem resultar em cerca de 80% das infeções". Este memso responsável aconselha a reduzir a capacidade dos estabelecimentos para 20%, ao invés de os fechar para atenuar a curva de transmissão do SARS-CoV-2.

Os cientistas da Stanford University, da Chicago Northwestern University e do Cambridge Research Center da Microsoft usaram dados anónimos de 98 milhões de telemóveis, recolhidos durante a primeira onda da epidemia ao longo de dois meses, em dez das maiores cidades americanas, como Chicago, Illinois, Nova Iorque e Filadélfia.

As redes de mobilidade criadas mapearam os movimentos de hora a hora de 98 milhões de pessoas desde a sua residência até a pontos de interesse, como restaurantes, supermercados, ginásios ou centros religiosos e clínicas, e chegaram à conclusão que há locais onde o vírus é "superespalhado" e responsáveis pela grande maioria das infeções no país.

"Em média, registamos que em lugares como o metro, restaurantes, ginásios, cafés, hotéis e em organizações religiosas se dava o maior aumento de casos de contágio", pode ler-se no estudo publicado na revista científica Nature, que destaca ainda as taxas de infeção mais altas entre grupos raciais e socioeconomicamente desfavorecidos, que não foram capazes de reduzir a mobilidade de forma tão acentuada.

O estudo pretende ajudar a desenvolver um modelo de disseminação epidemiológica mais eficaz face ao aumento de casos nos EUA, uma vez que a pandemia levou a uma mudança radical nos hábitos das pessoas, e foi publicado numa altura em que Nova Iorque, por exemplo, volta a estar sob recolher obrigatório. O governador Andrew Cuomo ordenou ainda o fecho de restaurantes e bares às 22.00, bem como o fecho de ginásios.

Esta não é melhor notícia para os restaurantes portugueses, numa altura em que o setor da restauração saiu para a rua contra a decisão do governo em encerrar os espaços a partir das 13.00 nos próximos dois fins de semana devido ao estado de emergência em 121 concelhos. Uma medida que pretende travar o contágio em contexto familiar e de coabitação, responsável por cerca de dois terços dos contágios em Portugal, segundo António Costa.

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