Estudantes da Católica vão entregar manifesto ao Papa como compromisso para o futuro

Um encontro entre o Papa Francisco e estudantes da Universidade Católica Portuguesa marca o início do terceiro dia da JMJ. Quatro jovens darão o seu testemunho ao Papa sobre o que têm feito como cidadãos e crentes e um deles entregará um documento de compromisso. No final, a universidade anunciará a criação de uma cátedra com o nome de "A Economia de Francisco e Clara".
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A Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, vai receber cerca de sete mil pessoas na manhã do dia 3 agosto. Na sua maioria estudantes, mas também personalidades, nacionais e internacionais, do mundo académico, artístico, da sociedade civil e da igreja católica. Para muitos, será mais um marco na história da universidade, que integra a Igreja desde 13 de outubro de 1966, quando foi criada, e que ao longo dos tempos se veio a expandir com centros regionais em Braga e Porto e noutros países.

Para alguns será mais um encontro com um Papa, desta vez Francisco, porque João Paulo II já lá esteve, mas o capelão da UCP, padre Miguel Vasconcelos, acredita que será para todos "algo transformador".

"O facto de a UCP ter a oportunidade de abrir as suas portas ao Papa Francisco, no contexto da JMJ, é e será sempre algo transformador, não digo que é algo sem precedentes, porque já cá tivemos o Papa João Paulo II, mas será certamente algo muito relevante para a vida dos nossos estudantes e para a universidade. Disto, não tenho dúvidas", afirma ao DN.

Até porque, sublinha, o encontro terá vários momentos a marcá-lo. Um deles, a entrega de um documento - um Manifesto de Compromisso com o futuro. Um momento que será concretizado por um dos jovens que irá falar também ao Papa, para lhe dar o seu testemunho. Tomás Virtuoso, de 29 anos, que já vivenciou três jornadas mundiais da juventude foi o escolhido para essa missão.

E o que é este documento? Segundo explica ao DN o padre Miguel Vasconcelos, trata-se de um documento - no fundo o seu draft já está a ser trabalhado - que só ficará concluído no dia 31 de julho, durante o 4.º Congresso da Fundação João Paulo II para a Juventude, um órgão ligado aos leigos, que decorrerá também na UCP, em Lisboa.

O mote do congresso é, precisamente, "O Cuidado com a Criação - O compromisso dos jovens com a ecologia integral: estilos de vida para uma nova humanidade" e vai reunir em debates e painéis jovens universitários, representantes de conferências episcopais, movimentos e associações internacionais, e outras universidades católicas.

Um congresso que, segundo explica a própria organização no seu site, pretende dar a oportunidade aos participantes de debater durante os painéis cinco áreas da vida humana: economia, educação e vida familiar, recursos naturais, política e tecnologia. Ou seja, um documento que irá sair deste espaço criado para "refletir sobre os estilos de vida atualmente adotados e para procurar novos estilos de vida que possam enfrentar os desafios culturais, espirituais e educacionais das gerações presentes e futuras, inspirando ações concretas e duradouras em prol da preservação do meio ambiente".

No fundo, especifica o capelão Miguel Vasconcelos, vão estar em debate áreas que "têm marcado muito o pontificado do Papa Francisco". E a acompanhar os trabalhos de discussão e painéis vão estar estudantes da Católica, que terão a tarefa de ouvir, identificar e sintetizar as ideias e os compromissos a que os jovens estão dispostos a fazer no âmbito do tema "O Cuidado da Criação" de forma a finalizarem o documento.

Além deste momento, a manhã do dia 3 de agosto será ainda marcada pela apresentação de cumprimentos ao Sumo Pontífice, por um discurso de boas vindas da reitora, Isabel Capeloa Gil, e pelo testemunho de quatro estudantes da Católica, já com trabalho feito como cidadãos e como crentes nas áreas em questão.

São eles: Mariana Craveiro, em representação do Centro Regional do Porto, Beatriz Lisboa, pelo Centro de Braga, Tomás Virtuoso, pelo Centro de Lisboa, e Mahoor Kaffashiam, estudante iraniana que frequenta a universidade ao abrigo do Fundo Social Papa Francisco, "criado no ano em que a UCP completou 50 anos e para poder responder ao acolhimento de refugiados e receber estudantes".

A UCP anunciará ainda ao Papa Francisco que irá criar uma cátedra que se chamará "A Economia de Francisco e Clara", entregando-lhe o decreto que cria a cátedra.

À pergunta "porquê estes estudantes e não outros?", o padre Miguel Vasconcelos responde: "A nossa preocupação foi, e partindo da ideia de que a UCP é nacional, ter um estudante de cada um dos centros regionais, com percursos e trabalho realizado nas áreas em questão, no âmbito da 'Encíclica Laudato Si' e o cuidado da criação, e no âmbito do trabalho que o movimento 'A Economia de Francisco' tem vindo a fazer, bem como no âmbito do Pacto Global para a Educação e ação social, ligada ao trabalho com refugiados. Portanto, escolhidos os temas que, no fundo, são os que marcam o pontificado do Papa Francisco, pedimos aos diretores dos centros e aos professores que nos ajudassem a identificar estudantes, cujo percurso na universidade e, ao limite, o percurso existencial também convergisse com estes temas".

Sobre expectativas, embora sublinhe não poder falar das dos jovens, o capelão da UCP, diz acreditar que são "grandes, porque desde o momento que foi anunciado o programa oficial da JMJ, que inclui este encontro entre o Papa e os estudantes, que as nossas caixas de email têm vindo a encher com mensagens de pessoas a perguntar como podem ajudar e estar cá".

Da parte da Católica, o padre Miguel Vasconcelos diz: "Estamos a fazer tudo para dar a conhecer o que convergimos com o Papa Francisco. Como universidade católica, e como membros da Igreja em Portugal, temos este lado de fazer eco dos caminhos que o Papa vai trilhando, mas queremos, sobretudo, ouvir o que o Papa terá para nos dizer, porque a mensagem que nos traz, não é apenas dele, é de Deus".

Mas se há mensagem que a Católica quer que se tire deste encontro é a de que "a universidade conta com os estudantes, conta a sua inteligência, energia e boa vontade para mudar o mundo".

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