Estudante e professor paquistaneses acusados de blasfémia por queimarem alcorão

Ambos incorrem numa pena de prisão perpétua, devido à destruição do livro sagrado muçulmano
Publicado a
Atualizado a

Um adolescente paquistanês, que alegadamente queimou páginas do Alcorão, e o seu professor de religião foram acusados de blasfémia e detidos, indicou esta sexta-feira a polícia.

O adolescente, estudante de uma escola corânica da região de Kasur, na província central do Punjab, terá sido visto por residentes a queimar páginas do livro sagrado muçulmano, disse à agência noticiosa France Presse (AFP) um responsável da polícia local Miraz Arif Rasheed.

Questionado sobre o que estava a fazer, o adolescente indicou que o professor tinha aconselhado o fogo como a melhor forma de destruir um exemplar usado do Alcorão.

Para os muçulmanos, o livro sagrado é a palavra de Deus transmitida ao profeta Maomé e cada exemplar é considerado sagrado, sendo necessário dispor dos livros usados respeitosamente.

Duas formas são consideradas aceitáveis: embrulhar o livro cuidadosamente com um pano antes de ser enterrado, ou colocar o exemplar usado em água corrente até que as letras desapareçam.

As leis que punem a blasfémia preveem uma pena de prisão perpétua por qualquer falta de respeito ao Alcorão.

Este comportamento é suscetível de desencadear reações violentas de multidões fanáticas. Na mesma localidade, uma multidão em fúria queimou um casal de cristãos em 2014, depois de terem sido vistos a deitar fora papéis velhos com inscrições que um vizinho analfabeto pensou serem do Alcorão.

"O estudante e o professor foram detidos" e incorrem "numa pena de prisão perpétua", indicou Rasheed.

Este caso ocorre um dia depois do Supremo Tribunal paquistanês ter adiado indefinidamente uma decisão sobre o último recurso de Asia Bibi, uma cristã mãe de família condenada à morte por blasfémia em 2010.

Acusada de ter insultado o profeta de Maomé, Asia Bibi tornou-se, em seis anos de batalha judiciária, num símbolos de deriva da lei antiblasfémia e vários defensores dos direitos humanos e o Vaticano exigiram a sua libertação.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt