Estrela de "Blurred Lines" escreve ensaio contra opressão sexual

Emily Ratajkowski, encorajada a esconder o corpo, quer agora acabar com esse "mundo de vergonha"
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Emily Ratajkowski sempre se sentiu "metade-bebé, metade-mulher". Enquanto crescia, os seus familiares encorajaram-na a tapar o corpo, a fugir dos olhares dos homens, a autocensurar-se. Hoje, a modelo e atriz de 24 anos, que se celebrizou no teledisco Blurred Lines, de Robin Thicke, e no filme Gone Girl, recusa ceder a esse "mundo de vergonha".

"Baby Woman" é o nome do ensaio por ela publicado no blogue da atriz e feminista Lena Dunham. Nele, Ratajkowski encoraja as mulheres a redefinir o seu conceito de sexy. "Supõe-se que ser-se sexual é ser-se rasca, porque ser-se sexy significa brincar com os desejos dos homens. Para mim, sexy é um tipo de beleza, uma forma de auto expressão que deve ser celebrada, que é maravilhosamente feminina. A maioria das adolescentes são introduzidas a mulheres "sexy" através de pornografia ou de imagens de celebridades com Photoshop. É esse o único exemplo que vamos mostrar às jovens?", lamenta.

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A manequim que já brilhou em revistas como Sports Illustrated, GQ ou FHM recorda, com especial detalhe, episódios que a atormentaram no início da adolescência. "O meu pai referia-se a mim como uma "mulher-bebé". E era isso que eu era: uma miúda de 12 anos com peito de copa D que ainda acordava a meio da noite e pedia à sua mãe para vir dormir com ela".

Com 15 anos, começou a fazer os primeiro trabalhos de moda. À semelhança do que acontecia sempre que se expunha, os adultos na sua vida condenaram-na, alertando-a para os "assustadores homens de meia-idade que se aproveitam de jovens" e para "os agentes que pressionam raparigas para perderem peso". "Surpreendentemente, lidar com o mundo fora da indústria foi a parte mais difícil da minha adolescência", revela a modelo. "Professores, amigos, adultos, namorados - pessoas que não eram da altamente escrutinada indústria da moda, eram aquelas que me faziam sentir desconfortável ou culpada com a minha sexualidade. Eu ainda estava a descobrir como pôr um tampão e todas estas interações faziam-me sentir como se estivesse a perder algo do mundo".

Na sua publicação, Emily faz ainda referência a uma história do autor John Updike, sobre uma rapariga que, por ter entrado numa loja vestida com um biquíni, foi convidada a sair. "Recuso-me a viver neste mundo de vergonha e de desculpas silenciosas. A vida não pode ser ditada pelas perceções dos outros. Eu desejava que o mundo me tivesse mostrado que as reações das pessoas à minha sexualidade não eram problemas meus, eram delas". E termina: "Honrar a nossa sexualidade, enquanto mulheres, é um negócio muito sujo, mas se não tentarmos, o que será de nós?".

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