Tendo por base a Estratégia Europeia para os Direitos das Pessoas com Deficiência, a estratégia nacional prevê "algumas medidas de apoio e incentivo à contratação de pessoas com deficiência" por parte de empresas ou entidades do setor social, o que "não passa por legislação", mas, "essencialmente, por regulamentação", afirmou à Lusa a secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência..Esta medida faz parte de um dos oito eixos da estratégia portuguesa para o período 2021-2025, concretamente a formação profissional e emprego, que prevê também a fiscalização do cumprimento das quotas no setor privado e a reformulação dos centros de recursos para apoio à colocação de pessoas com deficiência..Ana Sofia Antunes explicou que a estratégia nacional está a ser trabalhada "também com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)", estando previsto "um conjunto de medidas concretas com indicadores de avaliação da sua implementação e prazos para a sua execução".."Cada medida tem um prazo de execução, tem um serviço responsável pela sua implementação e tem um indicador, ou mais, que nos permitirão avaliar se [a medida] foi cumprida ou não", acrescentou..Os restantes eixos da estratégia nacional são cidadania, acessibilidades, educação, vida independente, respostas sociais e prestações sociais, cultura, desporto e lazer, e investigação e desenvolvimento..Na área da cidadania, a governante destacou medidas "de formação para autorrepresentação e autodefesa dos direitos das pessoas com deficiência", em que se inserem questões como o "cartão das pessoas com deficiência" e "a revisão da tabela nacional de incapacidades, na qual surgem os atestados médicos de incapacidade multiusos"..O eixo das acessibilidades refere-se não apenas a acessibilidades físicas, como também às acessibilidades quanto à comunicação e aos conteúdos digitais..Aqui, a estratégia nacional contém "um conjunto de medidas que passam pela acessibilidade aos serviços públicos, a implementação das linhas de financiamento (...) para a acessibilidade física e também ao nível das acessibilidades comunicacionais", sendo exemplo "as linhas de financiamento para a adaptação de habitações para pessoas com deficiência", apontou..Em matéria de educação, Ana Sofia Antunes indicou que, tendo em conta o modelo educativo português "já bastante inclusivo", a ação será ao nível da "formação aos docentes"..A "reformulação de algumas respostas sociais", como por exemplo dos "centros de atividade e capacitação para a inclusão" e do "Modelo de Apoio à Vida Independente (MAVI)", para que "deixe de estar fundado na lógica de projetos-piloto", são algumas medidas do eixo da vida independente, que deverá passar também por "uma resposta permanente da segurança social", assinala a responsável..Quanto às respostas e prestações sociais, a estratégia prevê "algumas mudanças" relativamente ao privilegiar de "residências de autonomização em detrimento de lares residenciais", à "desinstitucionalização" e à "terceira fase da prestação social para a inclusão -- a chamada majoração"..A área da cultura, desporto e lazer foca-se, segundo Ana Sofia Antunes, em "medidas de incentivo à adaptação de equipamentos culturais, desportivos e turísticos", quer em termos de adaptação física, quer de adaptação de conteúdos e de acesso à informação que é disponibilizada..Por fim, o eixo de investigação e desenvolvimento, que "toca com todos os outros", prende-se "com medidas que visam promover a investigação científica na área da deficiência", ressalvou..A secretária de Estado afirmou ainda estar curiosa para ver "o que é que os relatórios únicos das empresas vão demonstrar quanto ao cumprimento de quotas" no primeiro ano de vigência, que foi 2020..Admitindo ter "expectativas muito moderadas" em virtude "daquilo que foi o ano passado em matéria de emprego", Ana Sofia Antunes admitiu que "há dados animadores".."Não vai ser um resultado fantástico, por ser o primeiro ano, porque as exigências no primeiro ano não eram muito grandes e porque houve pouca gente a contratar", mas dos dados recebidos até 28 de fevereiro, houve "336 propostas de empresas para contratação de pessoas com deficiência ao abrigo das quotas no setor privado", afirmou.