"Estou muito desiludido." Governo da Finlândia forçado a demitir-se
"Estou muito desiludido", confessou o primeiro-ministro Juha Sipila. O chefe do governo finlandês apresentou a demissão após falhar a aprovação da reforma da segurança social que propunha.
Numa conferência de imprensa Sipila explicou que o executivo irá manter-se em funções até ser formado um governo. O chefe do governo espera que o país tenha um novo governo até junho ou julho. A 1 de julho, a Finlândia assume a presidência rotativa da União Europeia.
Este anúncio surge a cinco semanas das eleições legislativas, previstas para 14 de abril, para a renovação das 200 cadeiras do Parlamento (Eduskunta) da Finlândia.
A televisão YLE informou que sucessivos governos finlandeses tentaram nos últimos 14 anos passar esta reforma, mas sempre em vão.
O jornal finlandês Huvudstadsbladet disse que o presidente finlandês, Sauli Niinisto, já pediu a Sipila para continuar como governo de transição.
A reforma da segurança social pretende compensar os custos cada vez maiores com as pensões num país onde a população é cada vez mais envelhecida. A proposta do governo visava passar para os governos regionais a gestão dos cuidados de saúde, atualmente entregues aos municípios.
A população finlandesa tem uma das taxas mais rápidas do envelhecimento da Europa, ameaçando a sustentabilidade das finanças públicas a longo prazo, devido ao forte aumento nos gastos com a saúde e com a segurança social.
De acordo com os dados do governo, esta reforma teria conseguido manter os custos do Estado com a segurança social nos 0,9% em vez dos 2,4% atualmente previstos. Os partidos da oposição criticaram o papel crescente do sector privado.
A grande maioria dos políticos finlandeses concordam que há a necessidade de uma reforma do sistema, mas estão há mais de uma década a debater esta questão, pois discordam sobre como deve ser o novo modelo.
Depois de repetidas tentativas, os três partidos que formam a aliança do atual Governo conseguiram chegar a um acordo, mas a proposta final foi rejeitada pela comissão parlamentar de assuntos constitucionais, considerando que não respeita a igualdade de direitos de todos os finlandeses.
Sipila já tinha anunciado que se demitiria se a reforma não fosse aprovada. Antigo empresário, com fortuna feita na área da tecnologia, Sipila tornou-se primeiro-ministro em maio de 2015. Lidera uma coligação entre o seu Partido do Centro, os conservadores da Coligação Nacional e a Reforma Azul, formado por desertores do nacionalista Partido dos Finlandeses.
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