"Estou grato por não ter sido chamado por Portugal"

O médio português naturalizado grego estreou-se a marcar pela seleção helénica anteontem, golo que não evitou a derrota caseira com a Bélgica (1-2). E hoje começa uma nova etapa na carreira, sendo apresentado no FC Copenhaga.
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Estreou-se a marcar pela seleção grega neste domingo com a Bélgica, em jogo de qualificação para o Mundial 2018. Foi um misto de sensações, uma vez que esse golo não evitou a derrota da sua equipa por 2-1?

Obviamente que fiquei muito contente por me ter estreado a marcar pela Grécia e logo na primeira vez que joguei no país. Foi um momento muito especial, que guardarei para sempre, mas trocava-o por uma vitória grega.

Pode descrever-nos o lance?

Acreditei que a bola iria surgir no sítio onde eu iria aparecer. Assim aconteceu, depois de um centro do lado esquerdo e consegui marcar, mas tenho pena de que não tenha servido para nada...

Sente que este golo é importante na sua afirmação entre o público grego, uma vez que poderá haver alguma desconfiança à sua volta por ser naturalizado?

Não, de forma alguma, até porque nunca senti desconfiança, nem por parte dos meus colegas nem por parte do povo grego. Todos me transmitiram grande confiança e foi graças a essa confiança que consegui marcar.

Não marcava em jogos oficiais há quase três anos. O último golo foi em dezembro de 2014, num Panathinaikos-Panthrakikos. A que se deveu um jejum tão grande?

É verdade, foi muito tempo sem marcar! Quando há seis anos cheguei ao Panathinaikos era extremo-direito, depois fui recuando no terreno e afastando-me da baliza adversária, daí ter menos possibilidades de rematar.

Na seleção tem como companheiros Samaris e Mitroglou, dois jogadores bem conhecidos dos portugueses. Como é a sua relação com eles e em que idioma comunicam?

Receberam-me ambos muito bem na seleção. Costumamos falar em grego, mas o Samaris por vezes fala comigo em português, pois sabe que eu nasci em Portugal. E ele expressa-se muito bem em português!

Só foi uma vez chamado à seleção portuguesa, concretamente aos sub-23, em maio de 2011, no International Challenge Trophy. Sente que merecia ter tido mais oportunidades?

Até fico agradecido, entre aspas, pelo facto de nunca ter sido chamado para representar a seleção principal de Portugal. Afinal de contas, foi esse facto que me possibilitou estar a defender as cores da Grécia, país que me deu tudo e ao qual devo o que sou hoje.

A Grécia está atualmente em terceiro lugar no seu grupo de apuramento. Ainda acredita que vai ao Mundial?

Teremos oportunidade de somar os pontos necessários nos dois últimos jogos, com Chipre e Gibraltar. Acredito que estaremos no Mundial.

Certamente já pensou na possibilidade de defrontar Portugal... quem sabe já no próximo Mundial.

Sim, já pensei nisso e claro que será um momento especial, pois Portugal foi o país onde nasci. Mas depois do apito do árbitro será como se do outro lado estivesse outra equipa qualquer e tudo irei fazer para vencer.

Acredita que Portugal pode ser campeão do mundo?

Pode acontecer, apesar de Portugal não ser um dos maiores favoritos, pois é mais difícil jogar um Mundial. Mas a verdade é que poucas pessoas acreditavam que Portugal iria ganhar o Europeu... tudo pode acontecer!

Há poucos dias foi anunciada a sua transferência para o FC Copenhaga, depois de seis anos a representar o Panathinaikos.

Foi uma hipótese de última hora, no fecho do mercado. Foi uma boa proposta para mim e os interesses do Panathinaikos ficaram salvaguardados. Estou ansioso por começar, pois trata-se de um novo desafio.

Como reagiram os adeptos do Panathinaikos à sua saída? Era o capitão e um jogador muito querido...

Recebi alguns comentários negativos, mas a maior parte das reações foram positivas, pois as pessoas compreendem que foi um bom negócio para o clube [o Panathinaikos recebeu 1,5 milhões de euros] e que se trata de um novo desafio para mim. Tenho a certeza de que os adeptos sabem o que eu sinto pelo Panathinaikos e por eles. Sempre dei tudo por este emblema e estou muito agradecido pelo apoio que as pessoas me proporcionaram. Quem sabe se um dia não regressarei...

Vai para um país com um ambiente bem mais calmo do que o turbulento futebol grego. Vai estranhar, não?

Nem sei como são as coisas na Dinamarca, mas certamente que será outra mentalidade e terei de me adaptar. Seguirei viagem amanhã [hoje] de manhã e serei apresentado. Se estou à espera de ter adeptos à minha espera no aeroporto? Não faço a mínima ideia e só quero começar a treinar o mais rapidamente possível para ajudar a equipa. O que eu sei é que será mais uma língua muito complicada para eu aprender, depois do grego [risos].

Tem 29 anos. Ainda pensa voltar a jogar em Portugal?

Para já não está no meu pensamento, pois estou numa fase nova e só quero ajudar o FC Copenhaga. Se receber alguma proposta, analisarei a situação.

Tem acompanhado a Liga portuguesa neste início de época?

Um pouco, mas não muito. Não há nada de novo, são os três candidatos do costume... o Benfica está muito forte, como sempre, o FC Porto renovou-se e tem-se apresentado em grande plano e o Sporting começou bem, mostrando que nesta época pode lutar pelo título.

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