Este PSD não era para jovens. Será amanhã?
A sucessão de Pedro Passos Coelho vai ser disputada entre dois históricos do PSD, Rui Rio e Pedro Santana Lopes. Ficou pelo caminho a hipótese de uma candidatura protagonizada por um quadro mais novo do partido, a de Miguel Pinto Luz, ex-líder da distrital de Lisboa, que tentou congregar em torno dele uma nova geração de sociais-democratas.
A ter-se concretizado seria para marcar terreno tendo em vista um futuro mais ou menos próximo. Acabou por cair, talvez porque alguns dos jovens que poderiam ter estado ao seu lado também têm ambições que não são compatíveis com a época que vivemos de um PS fortalecido. Têm tempo para esperar e vão esperar. Têm vida além do PSD e vários deles foram colocados ou foram-se colocando à margem das responsabilidades no partido. O inverso aconteceu no PS.
Mas Rui Rio, que ontem apresentou a sua candidatura - e Santana Lopes fará o mesmo na próxima semana quando avançar para a corrida à liderança do partido - percebeu bem que o PSD não pode passar por uma "rutura geracional" se quiser sair da situação difícil a que chegou. Não pode ser o partido dos velhos contra os novos e vice-versa.
Em Aveiro, o ex-autarca do Porto fez um discurso virado para os militantes, como seria de esperar, e menos para o país. E foi precisamente para esses jovens que apontou baterias. "Todos somos importantes." Rio tentará ao máximo puxar esta geração do PSD, que andou muito arredada dos cargos no governo de Passos e no partido, para o lado da sua barricada. Até porque quer desfazer a ideia de que partiu para a corrida apoiado nas figuras do cavaquismo e do barrosismo, como são as de Manuela Ferreira Leite e Nuno Morais Sarmento.
Santana Lopes também não deixará os créditos por mãos alheias e procurará fazer o mesmo e por maioria de razão porque é o eterno "menino guerreiro", que corre sem as tropas de peso. Resta saber qual deles tem o maior poder de atração para os mais novos quadros de um partido que precisa deles para se renovar e crescer. E até para se libertar da imagem de um PSD liderado por Pedro Passos Coelho que guinou à direita, mas que Rui Rio quer recentrar e afinar na social-democracia.
José Eduardo Martins é um desses da nova geração que se mantém na reserva, e que até se inclina para o apoio a Rui Rio, mas que já está a abrir caminho para o futuro próximo. Ontem lançou um manifesto que dá pelo sintomático nome "Nós, sociais-democratas".