O diário espanhol publica hoje uma longa entrevista ao Papa. "O perigo em tempos de crise é procurar um salvador que nos devolva a identidade e nos defenda com muros", é a frase que o jornal chama para título..Francisco, apesar de nas entrelinhas deixar críticas a Donald Trump, não quer ser profeta da desgraça e prefere esperar para ver o que irá fazer o novo presidente dos EUA..São vários os temas que os jornalistas Antonio Caño e Pablo Ordaz trazem à conversa, desde a crise migratória até à corrupção no Vaticano, passando por Hitler e pela China. Ficam aqui alguns dos destaques da entrevista de Francisco ao El País:.- Francisco pede prudência em relação a Donald Trump: "Veremos o que irá fazer. Não podemos ser profetas de calamidades"..- "A minha personalidade não mudou".- "Há gente corrupta na Cúria Romana. Mas também há muitos santos. Homens que passaram a vida toda a servir outros de maneira anónima".- Sobre a saúde do papa emérito Bento XVI: "De aqui para cima está perfeito. O problema são as pernas. Caminha com ajuda, mas tem uma memória de elefante".- "Uma Igreja que não está próxima das pessoas não é uma Igreja".- "No mundo preocupa-me a guerra. Estamos na Terceira Guerra Mundial aos bocadinhos".- "O facto de o Mediterrâneo ter-se convertido num cemitério tem que nos obrigar a pensar".- "O mártir da incompreensão foi Paulo VI. Foi um homem que se adiantou à história e sofreu muito (...) Eu não me sinto incompreendido. Sinto-me acompanhado".- "Irei à China quando me convidarem. Eles sabem isso. Além do mais, na China as igrejas estão cheias. É possível praticar a religião na China"..- "Hitler não tomou o poder. Foi votado pelo povo e depois destruiu o povo. Esse é o perigo. Em momento de crise o discernimento não funciona. (...) Nenhum país tem o direito de privar os seus cidadãos do diálogo com os vizinhos"."A América Latina está a sofrer os efeitos de um regime económico em cujo centro está o deus dinheiro".- Sobre o facto de na Europa haver cada vez mais padres vindos de países do chamado terceiro mundo: "O que se passa na Europa é que não existe natalidade. Preferimos ir de férias, temos um cão, um gato... Não há natalidade e não havendo natalidade não há vocações"..- "Isso não sei [se assistirei ao próximo conclave]. O meu grande mestre Bento XVI já me ensinou o que devo fazer quando sentir que não posso mais".- "O senhor é bom e não me roubou o bom humor"