Estado Islâmico feliz com "fratura da União Europeia"
Na mais recente edição do al-Naba, jornal de propaganda controlado pelo Estado Islâmico (EI), o grupo extremista saúda a vitória da "saída" no referendo de quinta-feira, dia 23 de junho, no Reino Unido e assume-me contente com a possibilidade de novos referendos serem convocados em outras nações europeias.
"[O brexit] ameaça a unidade da Europa dos Cruzados", afirma o jornal, de acordo com a tradução de Shiraz Maher, vice-diretor do Centro Internacional para o Estudo da Radicalização, citada pelo Independent. Segundo o tradutor, no texto que aparece na página 15 da publicação, o EI diz-se agradado pelo "choque" que os resultados do referendo provocaram nos círculos político e económico, nomeadamente com a desvalorização da libra e com a instabilidade dos mercados.
As "tendências separatistas" em algumas regiões do Reino Unido e a vontade de referendar, pela segunda vez, a ligação da Escócia à Inglaterra são também elogiadas pelos extremistas.
O texto é divulgado poucos dias depois do grupo radical ter usado o Telegram, serviço de envio de mensagens encriptadas, para expressar profunda alegria perante a preocupante situação económica que marcou os dias que se seguiram ao referendo, bem como face à fratura da União Europeia. Nessa ocasião, os jihadistas apelaram à execução de atentados terroristas em Berlim e Bruxelas, para que a Europa ficasse "paralisada."
Segundo recorda o Independent, David Cameron, primeiro-ministro britânico, cuja demissão será efetivada em outubro, e líder da campanha pela "permanência" na União Europeia, já avisara que, para o Estado Islâmico, a vitória do "Brexit" seria considerada um triunfo na sua luta.
Esta quinta-feira, 51,9 por cento dos eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido deve sair da União Europeia, num referendo com uma taxa de participação de 72 por cento.