Os portugueses aguardam hoje pelas indicações que irão sair da reunião de peritos do Infarmed com o primeiro-ministro e o Presidente da República. Salvar o Natal exige tomar medidas preventivas contra a covid-19 quanto antes, alertam os médicos. Por seu turno, os constitucionalistas defendem que não é preciso voltar ao estado de emergência para impor várias medidas, entre as quais o uso obrigatório de máscara na rua. Sem dramatismos e sem voltar a paralisar toda a economia, é preciso atuar para travar o número de infeções por covid-19..Há muito que os dados da pandemia voltaram a acender o sinal vermelho na matriz portuguesa. Mesmo que uma pequeníssima parcela da população continue a negar a utilidade da vacinação, do distanciamento, do uso de máscara e desinfetante para as mãos, os factos são factos. Para algumas minorias é mais fácil negar e apontar baterias contra os jornalistas que, de forma absolutamente independente e transparente, revelam dados e escrevem notícias baseadas em factos, que espelham a realidade tal como ela é. Fomentar movimentos de ódio contra o jornalismo livre e independente - como já aconteceu nos Estados Unidos ou no Brasil -, em nada ajudará a esclarecer as populações e a salvar vidas. O dever de cada jornalista é informar. O DN continuará a zelar, todos os dias, por esta missão: informar os leitores, tal como acontece há quase 157 anos, independentemente se se trata de uma notícia sobre covid-19 ou outras doenças..No caso do cancro, outra praga do século, também é preciso alertar os leitores sobre o estado da nação. Como informa o artigo de hoje intitulado "Se não houver estratégia e plano de recuperação para o cancro teremos uma mortalidade dramática" (na página 13), citando o presidente da Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancro, é urgente atuar. Em Portugal, estima-se que só no primeiro ano da pandemia tenham ficado por fazer 5 mil rastreios ao cancro e a situação pode mudar os resultados alcançados até agora pelo nosso país..Esta doença não afeta só as mulheres, destrói famílias que, confrontadas com esta enfermidade, lutam com as armas que têm e não têm. Ao longo dos últimos quase dois anos, sentiram na pele não estar entre as prioridades. Doenças graves como esta foram ficando para trás em prol da covid-19..Se olharmos para outros aspetos, como o económico, a produtividade perdida devido ao cancro da mama supera 1,1 milhões de euros, diz um estudo desenvolvido a pedido da Liga Portuguesa contra o Cancro (LPCC) para avaliar o impacto social, profissional e económico do cancro da mama, no último ano, por baixas médicas ou faltas ao trabalho. O relatório estima ainda o custo de produtividade para quem acompanha os doentes aos hospitais: quase metade (45,8%) dos doentes disseram que vão ao hospital acompanhados e, nestes casos, 69% dos acompanhantes trabalham..O estudo envolveu mil inquéritos junto de mil pessoas (97% mulheres) que têm ou já tiveram cancro da mama, e conclui que a saúde destas pessoas "é consideravelmente pior" do que a da população portuguesa relativamente às atividades habituais e, sobretudo, nas dimensões dor/mal-estar e ansiedade. Plano para a oncologia precisa-se!