Esquerda ataca BCE mas não esquece Marcelo

Elogios ao governo anterior não passam em claro. Pedido de reforma laboral motiva duras críticas ao presidente do BCE
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Mais do que a presença de Mario Draghi no Conselho de Estado de ontem, a exposição inicial do presidente do Banco Central Europeu (BCE) incomodou toda a esquerda.
Acerca dos elogios ao anterior governo, João Galamba afirmou que "estranho seria se o BCE não defendesse aquilo que o próprio BCE disse durante o programa de ajustamento", referindo que a instituição "esteve politicamente comprometida com a solução" de austeridade adotada pelo executivo de Passos Coelho.

Sobre o apelo a reformas no mercado laboral, o porta-voz do PS salienta que se trata de uma "posição doutrinária" de Frankfurt. "O BCE é uma das instituições mais obcecadas com o mercado de trabalho e defende sempre a sua crescente flexibilização", aponta o dirigente socialista.

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João Ferreira considera que houve uma "ingerência inaceitável" na política nacional. "Os portugueses dispensam apreciações sobre o que foram os últimos quatro anos, que foram julgados nas últimas eleições", reforça o eurodeputado do PCP, que rejeita sugestões de medidas adicionais para que sejam cumpridas as metas estabelecidas no pacto de estabilidade e crescimento. "O compromisso do governo deve ser com o país e com a vida dos portugueses", atira.

Jorge Costa (vice da bancada do BE) lamentou que Marcelo tenha convidado Draghi para o primeiro Conselho de Estado, embora tenha notado que não foi uma surpresa, visto que o Presidente é "da família da direita e defensor das instituições europeias". "Não nos esquecemos do que as políticas de Draghi causaram a Portugal", acrescentou o dirigente bloquista.
Cecília Meireles, vice-presidente do CDS, realçou que Draghi fez uma "confirmação efusiva" sobre a existência de medidas adicionais, as quais são "sonegadas" pelo governo aos portugueses. E saudou o alerta de que o país não está "no bom caminho quando opta sistematicamente por reverter reformas" do executivo anterior.

Já Duarte Marques (PSD) aludiu ao episódio das bofetadas de João Soares, escrevendo que a declaração de Draghi, sim, "deve ter sido uma grande bofetada". "Neste caso, de luva branca", resumiu.

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