Espólio de Saramago chegou à Casa dos Bicos

O espólio do escritor José Saramago, que chegou hoje a Lisboa, "é o tesouro emocional, intelectual e espiritual da Casa dos Bicos", onde ficará em exposição permanente, a partir de junho, segundo a presidente da fundação.
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A equipa da Fundação José Saramago acolheu com aplausos a chegada do camião-contentor, cerca do meio-dia, com o espólio do Nobel da Literatura, proveniente de Lanzarote, onde mantinha a residência principal até 18 de junho de 2010, data do falecimento.

"É um momento muito especial e emocionante", disse à agência Lusa Pilar del Rio, presidente da Fundação Saramago, através de um contato telefónico para o México, onde se deslocou para estar presente no funeral do escritor Carlos Fuentes, que era amigo da família.

Composto por livros, manuscritos inéditos, fotografias, correspondência, objetos pessoais de Saramago e o próprio escritório onde escrevia na casa de Tías, em Lanzarote, este espólio - considerou Pilar, viúva do escritor - "veio para a Casa dos Bicos para ser partilhado com portugueses e estrangeiros".

Questionada sobre a data da abertura da Casa dos Bicos, cujas obras de remodelação estão ainda a decorrer, Pilar del Río apontou a inauguração para o final da segunda quinzena de junho, com a exposição "A semente e os frutos", baseada no espólio.

Pilar assistiu à chegada do camião através de um contacto telefónico com imagem, e foi dando orientações à equipa sobre a disposição das dezenas de caixas, que foram subindo por uma plataforma elétrica e entrando através de uma janela do edifício.

Sérgio Letria, coordenador da Fundação Saramago, disse à Lusa que a estrutura básica da exposição está já a ser montada no edifício da Casa dos Bicos, que terá vários espaços expositivos, auditório, biblioteca e uma área administrativa para a fundação.

O projeto de remodelação e design de interiores da Casa dos Bicos, edifício do século XVI, é da responsabilidade dos arquitetos João Santa-Rita e Manuel Vicente.

O coordenador indicou ainda que, no piso zero do edifício, vai funcionar o Centro de Interpretação das Muralhas de Lisboa, gerido pela câmara municipal da capital.

O investigador espanhol Fernando Gomes Aguillera vai ser o comissário da exposição "A semente e os frutos", depois de ter organizou a primeira grande mostra dedicada ao escritor, "A consistência dos sonhos", que esteve anteriormente patente em Lanzarote e em Lisboa.

Em junho do ano passado, as cinzas do Nobel da Literatura foram depositadas junto a uma oliveira centenária que foi propositadamente plantada junto à Casa dos Bicos, no Campo das Cebolas.

A oliveira foi transportada da Azinhaga do Ribatejo, aldeia natal de Saramago, e plantada junto ao edifício, porque o escritor se referia a esta árvore no livro autobiográfico "As Pequenas Memórias" (2006).

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