"Espero que Fernando Santos tenho visto o meu golo ao Inter"
Marcou um golo em San Siro diante do Inter de Milão na surpreendente vitória (2-0) do seu mais recente clube, o Hapoel Beer Sheva de Israel. Conte-nos lá o que é que sentiu. Foi um marco na sua carreira marcar num estádio com tanta história?
Foi especial, claro, marcar em San Siro e logo frente uma grande equipa como o Inter de Milão. Foi uma grande sensação, ainda para mais foi o golo que abriu caminho à vitória da equipa. Vivemos uma noite fantástica.
Para quem viu o jogo parece que não foi assim tão difícil para o Hapoel ganhar em San Siro...
Estudámos bem o Inter, conhecíamos bem os pontos fortes e os pontos fracos do nosso adversário. Para ser sincero não estava à espera que tivessemos tantas ocasiões claras de golo. Foram cinco, seis. Eles tiveram uma, duas. Penso que fomos sempre mais perigosos. Sabia que podíamos fazer um bom resultado mas esperava que fosse mais sofrido. Mas não foi isso que aconteceu e ganhámos com justiça.
Até onde pode ir o Hapoel na Liga Europa?
Não é impossível passar a fase de grupos, mas vai ser muito difícil. Demos um passo mas temos mais duas equipas [Southampton e Sparta de Praga] no grupo que são muito fortes. Não nos podemos deslumbrar com esta vitória.
Se passar gostava de defrontar uma equipa portuguesa?
Gostava, era especial voltar a Portugal. Ainda agora antes do sorteio estava a torcer para defrontar o Sporting de Braga.
E qual era a equipa que gostava de defrontar?
Espero que Benfica, FC Porto e Sporting continuem na Liga dos Campeões. Portanto queria novamente o Sp. Braga.
Vive em Beer Sheva, cidade situada perto do deserto. Como é que se está a adaptar após três anos na Grécia onde representou o PAOK?
É uma cidade em crescimento, há muita gente a trocar Telavive por Beer Sheva porque estão a abrir muitas empresas. Estou perto de Telavive, estou perto da praia. Tenho qualidade de vida. Israel não é aquilo que muitas vezes vemos, ouvimos e lemos nos media.
Nunca sentiu um clima pesado?
Não, é uma cidade tranquila e nunca sentimos problemas. Tenho duas filhas e a adaptação delas também corre muito bem. Na Grécia já falavam grego, estávamos um pouco apreensivos por causa da língua.
O hebraico não deve ser fácil...
Muito complicado. Mas as crianças têm mais facilidade em aprender e elas estão a gostar muito da escola.E o Miguel já sabe dizer alguma coisa em hebraico?
O básico; bom dia, obrigado (risos).
Acompanha a Liga portuguesa?
Sim, tenho visto os jogos.
E o que lhe parece?
O Sporting teve um início muito forte. Manteve o treinador e isso foi muito importante. O Benfica teve um deslize, mas julgo que vai ser disputado até final com os três grandes na luta pelo título.
Torce por quem?
Pelo Benfica, tenho um carinho especial. Espero que repita o feito dos últimos três anos.
Foi companheiro do Luisão várias épocas. Como tem visto esta situação rara e inusual de o Luisão não ser opção regular?
Sempre foi um profissional exemplar, um grande capitão e o líder do grupo. Tenho a certeza que o Luisão vai por os interesses da equipa à frente dos dele. E isso tem-se visto, não tem feito declarações. Vendo bem é normal essa questão da utilização, ele teve uma lesão grave o ano passado que o fez sair da equipa, esta época já teve outra pequena lesão e, entretanto, surgem outros jogadores com qualidade.
Para finalizar, espera que Fernando Santos tenha visto o seu golo ao Inter de Milão?
(risos) Claro, espero que tenha visto. Ficava mesmo muito contente, mas sei que o facto de atuar numa liga periférica fica mais complicado ser opção para a seleção.
Mas mantém o sonho de ser chamado à seleção A?
Claro, é um sonho, representei as seleções jovens, mas sei que é cada vez mais difícil de concretizar. Mantenho essa esperança, o José Fonte foi internacional aos 30 anos. É difícil mas um dia pode acontecer.