Numa carta aberta dirigida à Comissária Europeia para a Saúde e Segurança Alimentar, Stella Kyriakides, investigadores da CoEHAR, o Centro de Excelência para a Aceleração da Redução de Risco, da Universidade de Catânia, Itália, e um grupo de especialistas, entre os quais o médico português Bruno Maia, apelam à redefinição das políticas de controlo do tabagismo. Defendem que as mesmas devem considerar o papel relevante das alternativas sem combustão e as abordagens de redução de risco.."A nossa esperança é que, à luz das evidências científicas, a FCTC [Convenção Quadro da OMS para o Controlo do Tabaco - CQCT] e a União Europeia conduzam uma revisão cuidadosa, equilibrada e transparente das evidências científicas disponíveis sobre produtos sem combustão, em comparação com cigarros convencionais, para fornecer informações indispensáveis para a tomada de decisões no interesse de milhões de fumadores", lê-se na carta endereçada à Comissária Europeia..Noventa e um especialistas em redução de danos assinam a carta, na qual apelam à Comissária Europeia da Saúde a "importância de aplicar os princípios da redução de riscos nas políticas de saúde púbica para combater a dependência do tabaco", como refere o comunicado da CoEHAR..Esta iniciativa surge por ocasião da Conferência das Partes (COP10), que se realiza de 20 a 25 de novembro, no Panamá, onde os delegados representantes dos países que assinaram a Convenção Quadro para o Controlo do Tabaco da OMS (CQCT), grupo onde se insere Portugal, vão discutir as políticas sobre tabaco e nicotina. Como refere a CoEHAR, a CQCT da OMS irá decidir "sobre as diretrizes de saúde pública para os países participantes, incluindo a UE", tal como acontece de dois em dois anos.."Como é sabido, a posição da CQCT no Panamá será a de equiparar os produtos sem combustão aos cigarros convencionais, em total contraste com os resultados de toda a literatura científica que comprovam a eficácia dos princípios de redução de riscos na luta contra o tabagismo", indica a nota do Centro de Excelência para a Aceleração da Redução de Risco, da Universidade de Catânia..Segundo professor Riccardo Polosa, fundador do CoEHAR, "é preciso compreender que muitos fumadores, senão a maioria, não podem ou não pretendem parar de fumar". "E para estes indivíduos, especialmente aqueles com patologias específicas, a transição dos cigarros convencionais para dispositivos sem combustão pode significar uma melhoria significativa em termos de saúde", considera..Riccardo Polosa dá o exemplo de países como o Reino Unido, a Noruega, o Japão e a Nova Zelândia, que adotaram princípios de redução de riscos, tendo todos registado uma redução significativa na prevalência do tabagismo, mesmo entre os jovens, como indica a carta endereçada à Comissária Europeia da Saúde.."Qualquer regulamentação sobre produtos sem combustão deve encontrar um equilíbrio entre a necessidade de proteger os jovens e a necessidade de ajudar os fumadores adultos a deixarem de fumar ", defende Polosa..É salientado que o "Centro de Excelência CoEHAR investigou os efeitos dos produtos sem combustão e o seu impacto nas condições de saúde, demonstrando com dados fiáveis que estes produtos conduzem a uma redução significativa do risco se comparados aos cigarros convencionais, ajudam os fumadores a deixar de fumar e garantem clinicamente melhorias relevantes nos utilizadores com patologias relacionadas com o tabagismo"..Na carta, os especialistas escrevem que "é altura de admitir que as atuais estratégias de controlo do tabaco não estão a produzir os resultados desejados com rapidez suficiente". Defendem, por isso, ser "necessário complementar" as já existentes políticas antitabagismo "com novas abordagens, tais como estratégias de redução de riscos". Isso implica disponibilizar "aos fumadores adultos alternativas livres de combustão" face aos cigarros convencionais.