Espanhóis de visita a Portugal: "Aqui não é obrigatória a máscara... nem há um governo comunista"

Os espanhóis estão a descobrir uma nova atração turística em Portugal: poder andar sem máscara na rua. Pode acabar tudo no dia 23 de outubro.
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Os espanhóis encontraram novo motivo para visitar Portugal, "Aqui não é obrigatório usar máscara na rua e não há um governo comunista", cita o ABC, em reportagem na fronteira.

O jornal espanhol explica que em Portugal, pelo menos por agora, o uso de máscara não é obrigatório ao ar livre, apenas em espaços fechados. Explicam que é uma recomendação, lembrando a proposta do governo para alargar a obrigatoriedade a todos os locais, mesmo na rua, que estará em debate no dia 23 de outubro.

Numa Espanha em que a liderança do PP na Comunidade de Madrid e o governo socialista de Pedro Sánchez foi incapaz de chegar a acordo para impor medidas de contenção da covid-19, o ABC chama a atenção para a particularidade portuguesa de CDS e Bloco de Esquerda, que compara ao Unidas Podemos, convergirem na sua opinião - concordam com a obrigatoriedade proposta num decreto do PS.

As "escapadinhas" a Portugal vão de Bragança a Vila Real de Santo António e, segundo o ABC, além de fazer compras, passear e frequentar restaurantes, não ter de usar máscara é nova atração turística de Portugal.

"Depois de passar a fronteira, guardam as máscaras com toda a tranquilidade", escreve o jornal. Se a afirmação não é totalmente rigorosa, já que os portugueses estão obrigados a usar o novo acessório em espaços fechados), logo a seguir o ABC lembra que está a disparar o número de casos de covid-19 em Lisboa e Porto (e esta sexta-feira foi batido mais um recorde de casos), razão pelo qual o governo português está a propor uma alteração ao uso de máscara ao ar livre.

Esse paraíso para os espanhóis pode acabar a 23 de outubro, até lá o diário conservador e monárquico poderá encontra quem que "aqui não é preciso levar máscara... não há um governo comunista", uma crítica à coligação entre o PSOE e o partido liderado por Pablo Iglesias.

Cruzar a fronteira é "um alívio", diz outra espanhola ouvida pelo ABC à saída da ponte de Tui (Galiza). "Grande diferença!".

E se alguns não guardam logo a máscara assim que veem a placa que diz Portugal, minutos depois libertam-se, defende o ABC, constatando que, por exemplo, a cidade de Elvas não regista nenhum óbito desde o início da pandemia e casos contam-se apenas 22. Número bem diferente da província vizinha.

Na Extremadura, foram notificados 307 casos (é o segundo. dia consecutivo com números desta ordem) e morreram três pessoas, segundo o jornal extremenho Hoy, lembrando que, perante os dados, o governo regional decidiu que estão limitadas a seis pessoas as reuniões familiares.

O panorama geral também é pouco animador. Segundo o ministério da Saúde de Espanha, nas últimas 24 horas registaram-se 15186 novos casos (e 222 mortes). O país aproxima-se do milhão de infetados.

Não sem surpresa, o ABC salienta que os espanhóis de visita a Portugal podem dar passeios por zonas turísticas, que a Madeira financia os testes ao novo coronavírus a quem chega à ilha e que o preço das máscaras "é muito mais baixo em Portugal", uma vez que "as autoridades reduziram o IVA que se lhes aplica dos 23% para os 6%. Se um dia os espanhóis cruzaram a fronteira para comprar atoalhados mais baratos, agora podem fazê-lo pelas máscaras. Custam 20 cêntimos em Portugal, 50 cêntimos em Espanha.

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