A interligação elétrica entre Portugal e Marrocos será uma realidade em 2018 e custará cerca de 400 milhões de euros, no seguimento do estudo de viabilidade neste momento em curso, que ficará concluído no final deste ano, e da decisão política entre os governos dos dois países. A garantia foi dada ao DN/Dinheiro Vivo pelo secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, na sequência das notícias avançadas ontem pela imprensa espanhola que davam conta da vontade de Madrid em avançar também para um terceiro cabo submarino de alta tensão entre Espanha e Marrocos, para duplicar a atual capacidade de 800 megawatts. De acordo com o jornal Cinco Días, a espanhola Red Eléctrica de España (REE) e a portuguesa Rede Elétrica Nacional (REN) estão ambas a competir pelo projeto, uma rivalidade que se estende também ao mais alto nível governamental, com Lisboa e Madrid a tentarem atrair a atenção do governo marroquino para o estabelecimento de parcerias no setor elétrico..Mas para Seguro Sanches esta suposta rivalidade ibérica por uma nova ligação elétrica a Marrocos é uma questão que não se coloca. "Não há aqui nenhuma corrida. O projeto entre Portugal e Marrocos é perfeitamente autónomo. É um projeto da maior prioridade e interesse. Apesar de existirem outras interligações, esta tem a sua razão de ser e está assumida pelos dois governos. Estamos só à espera da conclusão do estudo para a podermos desenvolver", garantiu o secretário de Estado, sublinhando que o custo do projeto não sobrecarregará os consumidores, "será suportado pela energia que transita de um lado para os outros através do pagamento de uma taxa de utilização"..Já na próxima semana, o secretário-geral do Ministério da Energia de Marrocos, Abderrahim El Hafidi, estará de novo em Portugal para participar numa conferência sobre energia que terá lugar no Porto, seguida de uma visita ao Porto de Sines para conhecer o potencial português também ao nível do gás natural. De acordo com fontes do setor da energia, Marrocos está agora apostado em diversificar o seu portfólio energético e aumentar o número de países parceiros, para não depender apenas das atuais interligações elétricas que ligam o país à vizinha Espanha. Tendo em conta o enorme potencial de exportação de energia para o mercado marroquino, do lado espanhol existe todo o interesse em aumentar ainda mais as ligações com um terceiro cabo submarino de alta tensão que custaria 200 milhões, de acordo com o Cinco Días.."Tecnicamente, faz mais sentido a linha sair de Tarifa, como as duas ligações já existentes. Um trajeto mais curto (29 quilómetros) e a menor profundidade (620 metros) que uma hipotética ligação a partir do Algarve, o que obrigaria a uma grande volta", refere o jornal espanhol.."Essa questão não se coloca, diz Seguro Sanches, porque todas as interligações fazem sentido no quadro do sistema elétrico europeu." A futura ligação portuguesa a Marrocos e um possível terceiro cabo espanhol são projetos paralelos que "não se eliminam". "O potencial de crescimento é grande. E no caso de Marrocos faz todo o sentido porque é um país que importa quase toda a energia que consome", diz o secretário de Estado, sublinhando que em 2016 as exportações portuguesas de eletricidade ultrapassaram pela primeira vez as importações, gerando um excedente comercial de 170 milhões de euros.