Escócia pode avançar para segunda votação pela independência

Na sequência da votação britânica, responsáveis políticos do Sinn Féin na Irlanda do Norte também querem um referendo
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E agora, Reino Unido? Qual será o futuro da união britânica? O risco de desagregação existe e não é negligenciável. Inglaterra e País de Gales votaram pela saída da UE, mas a Escócia (62% a favor do bremain) e a Irlanda do Norte (55,8%) foram às urnas dizer que queriam continuar na Europa.

Há dois anos, a 18 de setembro de 2014, os escoceses foram chamados a referendar a independência. Votaram contra. Mais de 55% dos eleitores disseram que não. Preferiram continuar como membros do Reino Unido, em grande parte porque isso significava manter, sem sobressaltos, a ligação à União Europeia.

A votação a favor do brexit muda o cenário radicalmente. A confirmar-se o adeus do Reino Unido à União Europeia, 62% dos escoceses não querem ver-se arrastados para fora da Europa. Seria uma "afronta democrática" se o país tivesse de abandonar a UE contra a sua vontade, afirmou a primeira-ministra escocesa na reação ao resultado da votação britânica. "Trata-se de uma alteração significativa das circunstâncias. Dizer que a opção de um novo referendo pela independência volta a estar em cima da mesa é apenas constatar o óbvio", sublinhou Nicola Sturgeon.

Segundo o The Guardian, o governo escocês irá reunir-se hoje de emergência para definir a estratégia legislativa para marcação de uma nova consulta popular. Para que os escoceses possam voltar às urnas o parlamento britânico tem de aprovar a realização da votação. É verdade que David Cameron tinha garantido que o assunto não voltaria a ser discutido tão cedo em Westminster, mas, escreve o jornal britânico, neste momento seria "inconcebível" que um pedido nesse sentido fosse ignorado.

Nicola Sturgeon garantiu que fará todos os esforços que estejam ao seu alcance para garantir "o lugar da Escócia na União Europeia e no mercado único".

Sinn Féin quer referendo

Também na Irlanda no Norte se sente o incómodo político pelo resultado do brexit, principalmente quando quatro dos cinco principais partidos norte-irlandeses fizeram campanha a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia. "Esta decisão, que nos arrasta para fora da UE contra o nosso desejo, resulta apenas da guerra civil que está instalada no Partido Conservador", sublinha Martin McGuinness, membro do Sinn Féin (pró-bremain) e atual primeiro-ministro adjunto do governo de coligação com o Partido Democrático Unionista (pró-brexit).

Declan Kearney, presidente nacional do Sinn Féin - partido liderado por Gerry Adamns - foi assertivo na forma como comentou o resultado do brexit: "O governo britânico perdeu o mandato que tinha para representar os interesses dos norte-irlandeses. Este resultado altera de forma dramática a paisagem política na Irlanda do Norte e, por isso, vamos intensificar as pressões para que seja convocado um referendo". Aquilo que o Sinn Féin pretende é a reunião com a República da Irlanda e a permanência na União Europeia.

Visão diferente tem a primeira-ministra e líder do Partido Democrático Unionista. "Foi um bom resultado para o Reino Unido", disse Arlene Foster, que garantiu que não haverá um referendo sobre o futuro da Irlanda do Norte.

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