Marta Domínguez estava acusada de tráfico de substâncias dopantes, mas a juíza de instrução criminal Mercedes Pérez Barrios, de Madrid, ordenou o arquivamento deste processo, mantendo em andamentos as acusações por fraude fiscal e por fornecimento e administração de um fármaco, sem receita médica e com substâncias proibidas, a Eduardo Polo, colega de treino da campeã mundial dos 3000 metros obstáculos..A decisão da juíza baseou-se no facto de a Agência Espanhola do Medicamento (AEM) e a Agência Estatal Antidopagem (AEA) não terem encontrado substâncias dopantes num produto que foi fornecido por Domínguez a Alberto García, que continha trembolona, segundo disse o antigo campeão europeu dos 5000m no interrogatório inicial, mas que depois desmentiu no tribunal..O Conselho Superior de Desportos (CSD) revelou que iria recorrer da decisão de Mercedes Pérez Barrios pois ainda faltava conhecer as análises que estavam a ser realizadas no laboratório antidoping de Colónia, na Alemanha. Este é o mesmo laboratório que detectou vestígios ínfimos de clembuterol na urina de Alberto Contador, vencedor da Volta à França do ano passado, e de testosterona num produto apreendido na "Operação Galgo" ao treinador de Marta Domínguez, César Pérez, e que não tinha sido detectada em Madrid..Mas o Estado foi obrigado a recuar na intenção. Segundo o El Mundo, quando a juíza ordenou à Guarda Civil que a informasse sobre o andamento das análises aos produtos apreendidos verificou que o laboratório antidoping de Madrid não tinha detectado produtos dopantes e que os frascos tinham sido enviados para Colónia. O tribunal enviou então um correio electrónico à Guarda Civil e ao CSD, que tutela a AEA, ordenando a paragem dos exames que estavam a ser feitos na Alemanha e que, numa primeira fase, também não tinham detectado substâncias para dopagem.Os dois organismos emitiram ontem um comunicado confirmando a interrupção "do procedimento de contraste e a revisão dos resultados obtidos", em "respeito absoluto pelas decisões judiciais". Na nota, é explicado que o laboratório antidopagem de Madrid recebeu em Fevereiro uma ordem judicial para "elaborar um relatório sobre as substâncias que continha o composto chamado 'ouro'", o código que a Guarda Civil julga que Marta Domínguez usava em conversas telefónicas para falar do produto com dopantes. "Para a elaboração do relatório, o laboratório efectuou o correspondente estudo do composto. Seguindo o procedimento habitual, já que assim o estabelece o protocolo em vigor da AMA, remeteu a amostra para um laboratório de referência (Colónia) com o objectivo de obter uma segunda opinião, contrastar e completar a informação obtida, segundo estabelece a norma internacional de laboratório", diz o comunicado..Tanto os organismos estatais ligados ao desporto como a Guarda Civil foram obrigados a desmentir as suspeições levantadas no El Mundo de que tinham agido por motivos pessoais e políticos, tanto na data escolhida para a "Operação Galgo" (9 de Dezembro) como na decisão de pedir análises a Colónia e recorrer do arquivamento da acusação a Marta Domínguez.