Erdogan volta a atacar a Holanda. Outra vez por causa de Srebrenica

Presidente turco responsabilizou holandeses pelo massacre de oito mil muçulmanos.
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O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, lançou hoje um novo ataque à Europa e à Holanda, ao referir que o "espírito do fascismo" está "à solta" e ao acusar diretamente os holandeses de "massacrarem" 8.000 muçulmanos em Srebrenica.

A Holanda "não tem nada a ver com a civilização, nem com o mundo moderno. Foram eles que massacraram mais de 8.000 muçulmanos bósnios na Bósnia-Herzegovina durante o massacre de Srebrenica", o enclave declarado "zona de segurança" das Nações Unidas e que estava sob proteção de 'capacetes azuis' holandeses quando foi conquistado pelas forças sérvias bósnias em julho de 1995.

Cerca de 8.000 homens e rapazes muçulmanos foram mortos em combate ou executados sumariamente nos dias que se seguiram à entrada das forças sérvias bósnias no enclave, no que é considerado o mais grave massacre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Uma história que continua a perseguir a Holanda, onde um inquérito implicou a demissão do governo em 2002, e onde em setembro de 2013, após julgamento num tribunal holandês, o país se tornou o primeiro Estado do mundo a ser considerado responsável por atos dos seus soldados sob mandato da ONU.

Em paralelo, e em plena e explosiva crise entre a Turquia e a União Europeia (UE) após a Holanda e a Alemanha terem impedido ministros turcos de promoverem comícios em apoio ao referendo de abril sobre reformas constitucionais para reforçar os poderes presidenciais, Erdogan disse hoje que "o espírito do fascismo anda à solta pelas ruas da Europa".

"Os judeus também foram tratados assim no passado", referiu num discurso pela televisão, numa referência às perseguições e deportações durante a Segunda Guerra Mundial em diversos países europeus.

"A Europa está a caminho de se afogar nos seus próprios medos", disse Erdogan.

"A turcofobia está a crescer. A islamofobia está a crescer. Já têm mesmo medo dos imigrantes que procuram aí abrigo".

Na quarta-feira, os líderes da UE definiram os comentários de Erdogan como "deslocados da realidade" e incompatíveis com as ambições da Turquia em aderir ao clube europeu.

Numa referência a Srebrenica, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, tinha definido como "falsificação nauseabunda da História" as primeiras declarações de Erdogan sobre Srebrenica.

"Ele [Erdogan] não para de agravar a situação", disse Rutte à agência ANP, acrescentando que a acusação é "uma falsidade histórica repugnante".

"Não vamos descer a esse nível, é completamente inaceitável", disse.

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