Erdogan e Ataturk retratados como inimigos em exercício militar

NATO teve de pedir desculpa pelo incidente que levou Turquia a retirar soldados que participavam no exercício
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Um exercício militar da NATO na Noruega deu origem a um incidente diplomático que obrigou a um pedido de desculpas. A denúncia partiu do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que disse que o fundador da Turquia, Mustafa Kemal Ataturk, e ele próprio surgiam retratados como o inimigo.

O presidente turco decidiu retirar os 40 soldados que participavam nesse exercício em sinal de protesto e criticou a aliança.

"Ontem (quinta-feira), ocorreu um incidente na Noruega. Delinearam uma espécie de 'quadro dos inimigos'. Neste quadro, havia uma foto de Atatürk [Mustafa Kemal Atatürk, fundador da República turca em 1923], e também o meu nome. Estes eram os alvos", declarou Erdogan durante um discurso em Ancara transmitido pela televisão.

"Dei instruções para a retirada imediata dos 40 militares [integrados nesta iniciativa]", prosseguiu o chefe de Estado turco. "Não é possível ter uma semelhante conceção de uma aliança", frisou.

Já o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, emitiu um comunicado em que pede "desculpa pela ofensa" e explica que a situação foi provocada por um erro individual cujo responsável, que não é trabalhador da NATO, já foi afastado e não reflete a visão do organismo. "A Turquia é um aliado da Nato, com um contributo importante para a segurança da aliança", disse.

No Canadá, durante um fórum sobre segurança, Stoltenberg voltou ao tema para dizer que conversara com o responsável pela defesa turca e que a questão fora atirada para trás das costas.

Também a Noruega se desculpou pelo sucedido. "O aviso para o exercício enviado a uma rede interna, que motivou a reação turca, foi escrito por uma pessoa e de nenhuma maneira reflete o ponto de vista norueguês", garantiu o ministro da defesa da Noruega, Frank Bakke-Jensen, em documento escrito remetido a agência NTB.

O membro do Governo norueguês ressalvou que a Turquia, que pertence à NATO há 65 anos, "é um aliado importante" na organização e uma nação com a qual a Noruega deseja manter "uma boa relação".

"O aviso para o exercício enviado a uma rede interna, que motivou a reação turca, foi escrito por uma pessoa e de nenhuma maneira reflete o ponto de vista norueguês", garantiu o ministro da defesa da Noruega, Frank Bakke-Jensen, em documento escrito remetido a agência NTB.

O membro do Governo norueguês ressalvou que a Turquia, que pertence à NATO há 65 anos, "é um aliado importante" na organização e uma nação com a qual a Noruega deseja manter "uma boa relação".

Em março, o governo norueguês deu asilo político a cinco turcos que se recusavam a voltar ao país após a tentativa de golpe de Estado em julho do ano passado, alegando que seriam torturados e detidos. Um caso que gerou tensão entre os dois países.

A decisão de Erdogan surge num momento de fortes tensões entre Ancara e diversos parceiros de peso na NATO, em particular Washington e Berlim. Em paralelo, a Turquia aproximou-se da Rússia, com quem coopera na tentativa de resolução do conflito na Síria.

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