"Percurso mais difícil de sempre" acolhe Mundial na Peneda-Gerês 

Elite da modalidade estreia-se este sábado nos "trilhos muito técnicos e difíceis" do parque natural. Carlos Sá promete "o melhor Campeonato do Mundo da história"
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Entre a ponte de Rio Caldo (Terras de Bouro) e Arcos de Valdevez está desenhado o "percurso mais difícil de sempre" daquele que promete ser "o melhor Campeonato do Mundo da história" do trail running. A elite mundial desta modalidade - corrida pedestre em trilhos pelo meio da natureza - cruza amanhã o Parque Nacional Peneda-Gerês.

Carlos Sá é o porta-voz da ambição do Trans Peneda-Gerês, simultaneamente Campeonato do Mundo de trail running. O mais famoso e bem-sucedido ultramaratonista português, responsável pela organização da prova (através da Carlos Sá Nature Events), promete "um evento de escala mundial, com atletas de cerca de 40 países, impacto económico e uma forte visibilidade" para Portugal e as suas belezas naturais. "É algo que não podemos desperdiçar", sublinha.

Apesar dos problemas com os vistos dos participantes de algumas das seleções africanas (quatro das 42 participantes), a 6.ª edição do mundial de trail, primeira em solo português, bate o recorde de inscritos masculinos, femininos e de seleções - "temos toda a elite mundial presente" -, incluindo os franceses Sylvain Court e Nathalie Mauclair, que vão defender os títulos masculino e feminino (respetivamente) conquistados em 2015, nota Carlos Sá, em declarações ao DN.

É por isso - e não só - que o organizador promete "o melhor Campeonato do Mundo da história". Entre Terras de Bouro e Arcos de Valdevez, com partida às 05.00 de amanhã e passagem pelos concelhos vizinhos de Melgaço, Montalegre e Ponte da Barca (num total de 85 quilómetros), está desenhado "o percurso mais difícil de sempre". "Pode não ser alta montanha como nos Alpes, mas tem os trilhos muito técnicos e difíceis, com grande exigência: 5000 metros de desnível positivo, o mesmo que subir da Covilhã à Torre cinco vezes, e depois descer", descreve.

No entanto, amanhã não vão andar pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês apenas os melhores do mundo do trail running mas também muitos outros entusiastas das corridas pelo meio da natureza. Além do Campeonato do Mundo, há três provas abertas ao público em geral: uma de 16 quilómetros, uma de 55 quilómetros para atletas em regime individual e outra de 55 quilómetros em formato de estafetas (para equipas de três participantes). Somando as quatro competições, a organização espera perto de 1500 atletas, tendo sempre em mente o lema "não deixar mais do que pegadas e não tirar mais do que fotografias". O mais importante é a preservação da natureza: se alguém for apanhado a deitar lixo para o chão será desclassificado.

O número de inscrições confirma o crescente interesse popular pelo trail running. "Tem havido um crescimento fantástico em Portugal, mesmo brutal, e felizmente também temos contado com o interesse da comunicação social. Temos provas muito bem organizadas, até para crianças e de atletismo adaptado", descreve Carlos Sá, satisfeito com a expansão do seu desporto de eleição e grato pelo envolvimento de centenas de voluntários, entre clubes e amantes do trail, no apoio à competição.

Desta vez, sendo responsável pela organização, o ultramaratonista português terá de ficar do lado de fora dos trilhos a "garantir que corre tudo dentro da normalidade e resolver qualquer problema que possa surgir". Sá, de 42 anos, mostra-se confortável nessa dupla função, ora de atleta ora de promotor da modalidade. "A organização deste evento é um dos meus maiores focos deste ano; é para mim um orgulho muito grande", nota o atleta minhoto, que em 2016 terminou mais uma vez a Maratona das Areias (no deserto do Sara) no top 10 e completou uma histórica travessia da Gronelândia.

Para 2017, os objetivos organizativos já estão mais bem delineados do que os desportivos. O Peneda-Gerês Trail Adventure - agendado para abril do próximo ano - será mais uma vez um dos cartões-de-visita da Carlos Sá Nature Events, "muito focado na internacionalização e promoção do parque natural" da região. No plano desportivo, o ultramaratonista garante ter na manga "projetos diferentes e muito audazes" - mas que vão continuar incógnitos até garantir todos os apoios necessários.

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