"Jorge Jesus disse-me que o Sérgio Conceição era uma boa aposta"
Estávamos no segundo dia do ano de 2012 e o Olhanense apresentava Sérgio Conceição como treinador principal, sucedendo a Daúto Faquirá. Para a história fica registado o nome de Isidoro Sousa como o primeiro dirigente a dar uma oportunidade àquele que se afigura como o mais forte candidato a treinar o FC Porto em 2017-2018.
Passaram cinco anos e meio, entretanto o emblema algarvio já desceu duas vezes de escalão e Sérgio Conceição já orientou, depois dessa primeira experiência, a Académica, o Sp. Braga, o V. Guimarães e o Nantes, clube ao qual ainda se encontra vinculado.
"Foi um treinador que nos marcou bastante, com métodos de trabalho muito avançados e, em termos de grupo, posso dizer que tinha sempre os jogadores na mão, o que é um fator muito importante. Nós sempre apostámos em treinadores jovens. O Paulo Sérgio era nosso jogador e eu convidei-o para treinador, tivemos o Jorge Costa também. Em relação ao Sérgio Conceição, posso revelar que me aconselhei com dois antigos colegas dele do FC Porto, que me explicaram o perfil dele mas que não me podiam dar informações contundentes, pois ele nunca tinha sido treinador principal", relembra Isidoro ao DN, antes de revelar quem acabou por validar a sua opção.
"Jorge Jesus foi aqui jogador no Olhanense e chegámos a falar sobre o Sérgio Conceição ainda antes de o contrato ter sido rubricado. Sei que ele tem muito apreço pelo Sérgio e disse-me que ele tinha sangue na guelra, raça e que era uma boa aposta. E o curioso é que agora podem ser rivais. São muito amigos, têm uma relação muito boa e agora cada um vai defender o seu clube. A verdade é que ninguém sabia do que era capaz o Sérgio como treinador principal, mas eu estava consciente do que estava a fazer", explica o dirigente, que vê no carácter de Sérgio Conceição traços de Jorge Jesus.
"O Sérgio agora está mais maduro, mas eu [risos] "salvei-o", entre aspas, de algumas expulsões. Ele tinha aquela forma de estar no banco de suplentes muito parecida com a de Jorge Jesus. O sangue fervia-lhe e nós tínhamos de o acalmar, mas ele hoje é um homem diferente", salienta.
O homem certo no Dragão
Agora, parece óbvio que o treinador desejado no Dragão é mesmo Sérgio Conceição. A SAD deseja-o, ele quer o FC Porto, mas falta resolver um pequeno detalhe, pois o treinador tem um contrato em vigor com o Nantes, renovado há um mês e que só expira em 2020. E o presidente do emblema gaulês não se mostra disposto a libertar o treinador sem receber a indemnização no valor de seis milhões de euros.
Isidoro Sousa vê no homem a quem deu a primeira oportunidade talento para colocar um ponto final na seca de títulos dos azuis e brancos, que se prolonga de há quatro anos a esta parte.
"Ele tem uma enorme capacidade, cedo percebi que ele ia chegar longe e penso que, a confirmar-se aquilo que tem vindo a ser noticiado, o FC Porto faz uma excelente opção. É um homem da casa, claramente à imagem do FC Porto, que sente o clube, de sangue azul a correr-lhe nas veias, e que é muito competente. Com a estrutura que o FC Porto tem, e se lhe proporcionarem um plantel de qualidade, tenho a convicção de que ele vai fazer um grande trabalho e devolver o FC Porto aos títulos. O Sérgio é um homem que sente muito o FC Porto, sem ser faccioso, pois sempre revelou apreço pelo Benfica e pelo Sporting", considera Isidoro Sousa, que teve uma relação algo atribulada com o treinador no final da passagem deste último por Olhão, num diferendo relacionado com salários em atraso.
"O Sérgio tem uma componente humana fantástica , inclusivamente ajudava uma instituição de miúdos carenciados na zona de Coimbra. O que se passou foi de índole profissional, mas foi ultrapassado. Nem eu nem ele somos de rancores e hoje temos uma boa relação. É um orgulho para o Olhanense ver o Sérgio no FC Porto, pois foi aqui que ele começou o seu trajeto", conclui.