Entrevista: "Não têm noção da realidade"
A diretora de qualidade da Uniself associou as queixas das crianças sobre a comida das cantinas a hábitos e preferências, defendendo que o que lhes é servido são refeições saudáveis. Como comenta?
O que penso acerca do que essa senhora disse não podia ser publicado. Estou com alguma dificuldade para arranjar palavras para opinar sobre o que a senhora disse. Não tem noção da realidade. Ou não vive neste planeta ou então não tem noção do que se passa nas cantinas das escolas públicas.
E o que se passa nas cantinas?
A comida não tem qualidade nem é em quantidade suficiente para os alunos. As fotografias que foram aparecendo, os relatos que foram acontecendo, provam exatamente o contrário do que a senhora está a dizer. Essa resposta que está a dar era a que davam antes de haver provas da comida servida nas cantinas públicas. Eram os miúdos que não gostavam. Penso que está provado que não é uma questão de os miúdos gostarem ou não e sim da qualidade e quantidade do que é servido em grande parte das escolas públicas.
O Ministério da Educação prometeu apostar no reforço da fiscalização. É o caminho?
Foi uma forma de limpar a face. Mas criar uma equipa de fiscalização para todo o país, com mais de mil cantinas, fora as que são responsabilidade dos municípios, não será tarefa fácil. Serve para acalmar um bocado os ânimos. Também decorre do facto de termos começado a levantar a questão da responsabilização dos senhores diretores e coordenadores que permitem que aquelas refeições, como o frango cru, sejam servidas nas escolas. Para além do cozinheiro, da empresa, existe a responsabilidade da escola.
Rescindir contratos parece impossível...
Percebemos isso tudo. Até achamos que se devem manter estes contratos até ao fim, para que se possa fazer tranquilamente a transição para as escolas destas cantinas. Mas isso desde que exista fiscalização e controlo de qualidade.