Entre-os-Rios com promessas por cumprir

Quando os autarcas de Castelo de Paiva e Penafiel participavam, em 2002, em Entre-os-Rios, na inauguração da substituta da ponte Hintze Ribeiro, não imaginariam que, 10 anos depois, muitas acessibilidades prometidas pelos governantes não passariam do papel.
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"Na intervenção que fiz, naquele dia, perante o primeiro-ministro Dr. Durão Barroso, apelei à urgência da construção do IC35 [ligação de Entre-os-Rios a Penafiel]. Foi-nos então prometido que a obra era uma prioridade do Governo", lembrou, à Lusa, o autarca de Penafiel, Alberto Santos.

Também para Paulo Teixeira, que era o edil de Castelo de Paiva naquele período, a promessa dos governantes quanto à construção da ligação a Penafiel parecia muito concreta. " Lusa, o antigo edil lembrou até que, naquela cerimónia, foi exibido o estudo prévio do itinerário.

"Depois da tragédia que se abateu sobre a região, claro que acreditávamos todos que aquela obra iria avançar, correspondendo a uma vontade antiga dos vários concelhos da região", afirmou o ex-autarca, acrescentando:

"Infelizmente, os políticos não cumpriram as promessas e, 10 anos depois, Castelo de Paiva não vê ainda a luz no fundo do túnel, atrasando o seu desenvolvimento".

As declarações de Alberto Santos e Paulo Teixeira, à Agência Lusa, ocorrem no dia em que se assinala o décimo aniversário da inauguração da réplica da ponte Hintze Ribeiro.

No dia 04 de maio de 2002, o então primeiro-ministro Durão Barroso inaugurava a nova travessia do rio Douro que substituiria a ponte original, a qual ruíra no dia 04 de março de 2001, acidente que provocou 59 mortos.

A obra foi lançada e construída em tempo recorde, como assinala o autarca de Penafiel, que então cumpria os primeiros meses como presidente daquele município do distrito do Porto.

"Todos ficámos satisfeitos com a rapidez do processo. Tudo foi feito em 14 meses", observou.

Do período que mediou entre a queda da ponte original e a abertura da nova travessia, o ex-autarca de Castelo de Paiva recorda hoje as dificuldades que decorriam da utilização dos ferryboats que ligavam as duas margens.

"As filas eram enormes e as pessoas perdiam muito tempo nas travessias", lembrou, apontando também o aumento dos preços de vários produtos que então se verificou.

A nova ponte custou sete milhões de euros e permitiu repor a normalidade. Contudo, dois anos depois perdeu parte da importância inicial, porque entrou em funcionamento uma segunda travessia, paralela à primeira, construída para o futuro IC35.

Do lado de Castelo de Paiva (margem esquerda) a ponte servia a variante à EN 224, nova estrada que ligava à sede do concelho.

Contudo, do lado de Penafiel, foram construídas apenas algumas centenas de metros da estrada, em direção à atual EN 106, ficando-se então à espera da continuação da infraestrutura, em perfil de autoestrada, até Penafiel.

Uma década depois, nem sequer há projeto, lamenta agora Alberto Santos, que reclama do atual Governo uma solução para o problema.

A atual ponte Hintze Ribeiro serve apenas para o trânsito local, garantindo os movimentos entre as duas margens das populações ribeirinhas das localidades de Sardoura (Castelo de Paiva) e Entre-os-Rios (Penafiel).

A ponte é também usada por algum trânsito da EN 108 (estrada marginal em direção ao Porto).

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