Entrada dos rebeldes em Tripoli poderá precipitar queda do regime

A entrada dos rebeldes hoje em força no centro da capital Líbia poderá precipitar a queda do regime do coronel Kadhafi, no poder desde 1969.
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Cerca das 22:00 de Lisboa, os rebeldes líbios chegaram à Praça Verde e anunciaram a detenção de dois filhos do líder Kadhafi. A Praça Verde é um dos símbolos do regime líbio e desde o princípio da rebelião as cadeias de televisão sempre difundiram em directo do local o reagrupamento dos partidários de Kadhafi. O porta-voz do governo líbio, Moussa Ibrahim, anunciou hoje que pelo menos 1667 pessoas morreram nas últimas 24 horas em Tripoli, com o início da ofensiva dos rebeldes sobre a capital. Por volta das 04:00 locais (03:00 em Lisboa), ocorreram em Tripoli quatro fortes explosões, numa altura em que vários bairros eram palco de violentos confrontos entre os rebeldes e as forças fiéis ao regime.

Khadafi decidiu dirigir-se ao povo pouco depois através de uma mensagem áudio transmitida pela televisão estatal, em que afirma que "as massas eliminaram os ratos esta noite", referindo-se aos rebeldes, e em que apelava aos seus seguidores para que "marchassem aos milhões" a fim de recuperar as zonas tomadas pela oposição. Já de manhã, um dos líderes dos rebeldes líbios garantiu que o ataque lançado na sexta-feira à noite a Tripoli foi feito em coordenação com a NATO. O líder rebelde escolheu o dia 20 para começar o ataque a Tripoli por a data assinalar a antiga batalha islâmica de Badr, quando os muçulmanos lutaram a primeira vez pela cidade santa de Meca. Os acontecimentos de hoje levaram já alguns líderes mundiais a vaticinar o fim do regime de Kadhafi.

"É claro que depois das cenas que assistimos em Tripoli, que o fim está próximo para Kadhafi", declarou em comunicado o gabinete do primeiro-ministro britânico, David Cameron. Um porta-voz da NATO considerou que o regime pode entrar hoje à noite em "colapso", face à ofensiva rebelde sobre Tripoli. A Casa Branca considerou que os dias de Muammar Kadhafi como dirigente da Líbia "chegaram ao fim". A Polónia, que detém a presidência rotativa da União Europeia, apelou para que os rebeldes líbios que combatem o regime de Kadhafi "não recorram à vingança e à violência inútil".

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Tunísia reconheceu o Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão dos rebeldes) como o único representante legítimo do povo líbio. A França e a Itália encontram-se entre as primeiras nações a reconhecer o CNT como a autoridade governamental da Líbia. O CNT afirmou ao final da manhã que o fim do regime de Muammar Kadhafi está "muito próximo".

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