Ensino Superior empenhado em captar estudantes estrangeiros
Termina hoje, no Brasil, a missão das Instituições de Ensino portuguesas que, ao longo das últimas duas semanas, levou muitas universidades, politécnicos e escolas públicas e privadas a 6 cidades Brasileiras para captar estudantes para Portugal.
A dimensão desta iniciativa, que se repete há alguns anos, duas vezes por ano, pode medir-se pela proximidade que o governo lhe tem dado (é a segunda vez que um secretário de Estado do Ensino Superior acompanha a iniciativa), bem como pelo acompanhamento dado pelas entidades consulares naquele país.
A vinda de jovens para o Ensino Superior Português é determinante para o crescimento deste, mas também para a sua competitividade. Importa lembrar que estes jovens pagam a sua formação na totalidade, não sendo subsidiados pelos fundos estatais que, obviamente, só financiam os estudantes portugueses.
A captação de jovens estrangeiros permite assim às instituições colmatar o facto de apenas pouco mais de 50% dos jovens portugueses se interessarem por obter estudos superiores, mas vai mais longe e pode ajudar a colmatar a baixa natalidade que há muitos anos assola Portugal, sem que se consiga inverter. É, por isso, muito importante o papel que o Ensino Superior desempenha para trazer estudantes para o país que, depois de formados, se transformam em mão de obra altamente qualificada que, se os empresários portugueses quiserem, podem fixar-se em Portugal. Ao governo caberá o papel de garantir condições de competitividade para que não regressem ao seu país, ou pior, que emigrem para qualquer outro país da Europa com a formação obtida em Portugal.
Numa altura em que se procura transformar o Ensino Superior, é determinante que as mudanças ocorram no que está ainda mal e não que se mude o que funciona bem. As instituições precisam de ter condições legislativas, mas também económicas, que garantam que podem admitir e formar mais alunos e com maior qualidade.
Nos últimos meses sente-se que estas iniciativas de captação de alunos podem deixar de ser úteis, nomeadamente se, para fazer ingressar estrangeiros, tiver de se abdicar de admitir portugueses. Outro dado importante é o baixo financiamento do setor público que tem impedido o aumento da capacidade física, nomeadamente ao nível laboratorial e oficinal, criando o espaço e as condições necessárias à captação de mais alunos.
Importa, por tudo isto, fazer uma reflexão participada por todos, capaz de nos levar a perceber como podemos direcionar os parcos recursos para um ensino mais eficiente e competitivo, sem reformas que apenas servem para deixar a assinatura de quem as faz na história. História que está cheia de reformas vazias, que só servem para alimentar os instalados.
Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra