Ensino da condução é uma vergonha e gera corrupção
Carlos Barbosa falava no Parlamento, onde foi ouvido pelo grupo de trabalho para a Segurança Rodoviária, que está a recolher elementos que possam contribuir para a revisão do Código da Estrada.
O responsável do ACP alegou que muitas escolas de condução não dão aos alunos as lições mínimas exigidas (30) mas apenas meia dúzia de aulas (embora paguem o pacote inteiro) antes de irem a exame.
Esta situação, explicou, permite a muitas escolas de condução fazerem "dumping", praticando preços abaixo do custo real.
O ACP, por seu turno, disse o responsável, dá uma média de 40 horas de aulas e tem uma média de 95 por cento de aprovações, mas este grau de excelência não é a regra das escolas de condução que proliferam pelo país.
Carlos Barbosa defendeu que o instrutor não devia estar presente no exame do aluno e criticou que esteja pré-definido os cinco percursos que podem calhar no exame de condução.
Quanto à qualidade do parque automóvel, o presidente do ACP forneceu dados que o levam a considerar que o mesmo está "podre", com os ligeiros de passageiros e comerciais a terem uma média ligeiramente superior a 10 anos e os pesados de passageiros superior a 13 anos.
Alertou ainda para o "facilitismo" que reina na indústria da inspeção automóvel, a par da fuga dos automobilistas à inspeção obrigatória, com o número de multas por esse motivo a subir de 21 mil em 2010 para mais de 28 mil o ano passado.
Carlos Barbosa criticou ainda a ausência total de campanhas de sensibilização do público em matéria rodoviária, acusando ex-ministros da Administração Interna de utilizarem dinheiros da prevenção rodoviária "para comprar pistolas, radares e viaturas para a PSP e GNR".
A "caça à multa", a falta de investimento na reparação das estradas, a deficiente sinalização e a má colocação dos radares foram outros aspetos abordados por Carlos Barbosa, que no capítulo da álcool defendeu "tolerância zero" para condutores de autocarros escolares e para as forças militarizadas.
Quanto às passadeiras, o presidente do ACP advertiu que muitas delas não são pintadas com regularidade e que deviam ter uma sinalização luminosa, à semelhança do que acontece em outros países.
Os limites de velocidade impostos de forma "arbitrária" dentro das localidades pelos respetivos autarcas foi outro dos pontos criticados por Carlos Barbosa, que chamou a atenção para o facto de em Lisboa existirem sinais rodoviários falsos, designadamente junto à Torre de Belém.
O grupo de trabalho pretende ouvir proximamente a Associação Nacional dos Municípios e do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), tendo esta última entidade sido bastante criticada por Carlos Barbosa pela sua ineficácia e desorganização.