Empresa portuguesa assina contrato de milhões com o Exército egípcio

EID, especializada nas áreas das comunicações e eletrónica, é uma das 14 empresas nacionais que estão presentes na primeira feira de Defesa no Egito
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A tecnológica portuguesa EID assinou um contrato superior a 10 milhões de euros para fornecer sistemas de comunicações táticos ao Exército do Egito, revelou esta quarta-feira fonte oficial ao DN.

Foi um "contrato de elevado valor" assinado terça-feira e na casa dos dois dígitos, limitou-se a dizer ao DN o presidente da idD - Plataforma das Indústrias de Defesa, major-general Henrique Macedo, invocando questões de reserva comercial para não entrar em pormenores.

A idD integra a holding pública das indústrias de Defesa e é a responsável pelo pavilhão de Portugal na I Feira de Defesa do Egito (EDEX, sigla em inglês) - certame que termina esta quarta-feira com a presença de 14 empresas portuguesas.

Segundo a página digital da EID, esta empresa com capital público português e detida maioritariamente pela britânica Cohort fabrica rádios e redes de comunicações táticas, entre outros equipamentos.

De acordo com a idD, o Exército egípcio manifestou igualmente "enorme interesse" noutro projeto de comunicações táticas (SIC-T) que está a ser desenvolvido pela NATO para Portugal e com engenharia do Exército português - ficando o Ministério da Defesa com os direitos de propriedade intelectual desse sistema, que depois só pode ser vendido a terceiros com autorização prévia portuguesa e recebendo os respetivos royalties.

Outro domínio onde se registou "um grande potencial de cooperação" foi o da construção, reparação e manutenção naval entre a Marinha egípcia e empresas portuguesas do setor presentes na EDEX, nomeadamente a Arsenal do Alfeite (AA) - que já está certificada para trabalhar com submarinos alemães como os detidos pelo Cairo.

Protocolo de intenções

Também na terça-feira, a idD assinou no Cairo um memorando de entendimento com a Organização Árabe para a Industrialização (AOI, sigla em inglês), com o objetivo de reforçar o conhecimento e cooperação entre as empresas portuguesas e árabes do setor da Defesa.

Segundo Henrique Macedo, a idD promoveu ainda reuniões entre as empresas portuguesas com delegações de vários países presentes da EDEX 2018, como Brasil, Alemanha, Índia, Moçambique, Arábia Saudita, França, Reino Unido, Omã ou Emirados Árabes Unidos.

As empresas do setor industrial português de Defesa procuram assim alargar os seus negócios num país que investe anualmente 4,4 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros) numas Forças Armadas com cerca de 1,3 milhões de efetivos - e, entre outros números, conta com mais de duas centenas de caças F-16 e dois porta-aviões.

Esta terça-feira serviu também para as empresas portuguesas participarem numa reunião com o ministro da Produção Militar egípcia e depois com representantes do Ministério da Defesa do Egito, a quem deram a conhecer os seus produtos - à cabeça dos quais estão equipamentos e sistemas de combate ligados ao referido projeto "Soldado do Futuro", estando em cima da mesa a venda de componentes ou da totalidade do sistema, bem como a sua "eventual coprodução", adiantou Henrique Macedo.

Muito desse material - capacetes, coletes balísticos, sistemas de comunicação, joelheiras, bússolas, luvas de combate, lanternas táticas - é essencial à sobrevivência dos soldados no campo de batalha e equipa os militares do contingente destacado no Iraque desde novembro - os quais servem assim de promotores da sua qualidade junto dos parceiros da coligação internacional.

"Como ajudar as pequenas e médias empresas do setor da Defesa que entram em concursos internacionais se as nossas Forças Armadas não reconhecerem qualidade aos seus produtos e os adquirirem?", questionou um responsável do setor ouvido pelo DN.

Dando esta feira no Egito como exemplo do que sucede em eventos desse tipo, outra fonte da idD garantiu que os potenciais compradores colocam habitualmente a seguinte pergunta: "As vossas Forças Armadas já compraram?"

Uma feira com mais de 300 expositores

Esta participação de empresas portuguesas na EDEX 2018 surge num contexto de abertura económica promovida pela visita ao Cairo do Presidente da República, em abril passado. Os setores representados no Egito abrangem desde a aeronáutica à construção e reparação naval, espaço, energia, materiais tecnológicos, têxteis, veículos aéreos não tripulados ou tecnologias de informação e comunicação.

A IdD, que integra a holding pública Empordef (ainda por extinguir), tem como papel identificar mercados estratégicos para as empresas portuguesas do setor e em áreas que vão desde a indústria aeroespacial às comunicações e cibersegurança, transporte, robótica, fardamentos ou investigação e desenvolvimento.

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