Embaixador britânico descreve Trump como "inseguro" e "incompetente"

Embaixador do Reino Unido nos EUA considerou governo de Trump "inepto" e "disfuncional" em memorandos trazidos a público neste domingo
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Kim Darroch, embaixador britânico nos Estados Unidos, descreveu o presidente Donald Trump e a sua administração como "ineptos" e "excecionalmente disfuncionais" em documentos diplomáticos revelados este domingo pelo Mail on Sunday.

"Nós realmente não acreditamos que esta administração se torne substancialmente mais normal, menos disfuncional, menos imprevisível, menos facciosa, menos desastrada e inepta diplomaticamente", terá escrito Kim Darroch num despacho, citado pelo jornal britânico The Guardian.

De acordo com memorandos publicados pelo The Mail On Sunday, o embaixador terá dito que a presidência de Trump podia "terminar em desgraça".

Segundo a mesma fonte, o embaixador, de 65 anos, descreveu o presidente dos EUA como "inseguro" e "incompetente".

Nos documentos, Darroch terá escrito que "as lutas internas e o caos" dentro da Casa Branca que têm sido falados nos EUA são "em grande parte verdadeiros", embora Donald Trump insista em dizer que se trata de "notícias falsas".

De acordo com os documentos enviados após a visita de Donald Trump ao Reino Unido, no mês passado, o diplomata terá dito que o presidente norte-americano e a sua equipa terão ficado "deslumbrados" com a visita, mas advertiu que o entusiasmo deverá durar pouco, porque aquela continua a ser a terra da "América Primeiro".

Kim Darroch é um dos diplomatas britânicos mais experientes, tendo assumido a embaixada em Washington em janeiro de 2016, antes de Donald Trump assumir a presidência dos EUA.

O jornal tabloide diz que as circulares, que terão sido divulgadas por algum membro do serviço britânico, foram enviadas a partir de 2017.

Num dos documentos mais recentes, o embaixador britânico nos EUA critica a política externa de Trump com o Irão, que provocou receio de um conflito militar - e classificou-a de "incoerente" e "caótica".

O diplomata questionou, ainda, a veracidade das declarações de Donald Trump, que tinha ordenado um ataque ao Irão como retaliação pelo abate de um drone norte-americano, mas disse ter cancelado o bombardeamento porque iria matar 150 iranianos.

"É mais provável que nunca tenha estado totalmente convencido e que estivesse preocupado com a forma como a inversão das suas promessas de campanha de 2016 seriam vistas em 2020", escreveu.

O governo britânico não contestou a veracidade dos documentos relevados. Citado pelo The Guardian, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse que "os britânicos podem esperar que os os embaixadores forneçam aos ministros uma avaliação honesta" sobre o que se passa nos países onde se encontram. Mas "as suas opiniões não refletem as visões dos ministros ou do governo".

Questionada sobre as consequências deste escândalo, a mesma fonte reforçou que existem "relações sólidas" com a Casa Branca, que irão resistir ao que aconteceu.

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