Em choque com Trump, secretário da Marinha é demitido

O chefe da Marinha dos Estados Unidos foi exonerado devido à divergência com o presidente no caso de um soldado de elite condenado, mas defendido por Donald Trump.
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O secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, demitiu o secretário da Marinha Richard Spencer pela forma como este lidou com o caso de um soldado da tropa de elite da Marinha (Navy SEAL) que foi condenado por má conduta no campo de batalha no Iraque que, mais tarde, recebeu o apoio do presidente Donald Trump.

Numa carta de despedida em que reconhece a cessação de funções, Spencer criticou Donald Trump e defendeu a necessidade de preservar "a boa ordem e a disciplina em todas as fileiras", o que os oficiais da Marinha acreditavam que o conselho de revisão por pares ajudaria a garantir.

"O estado de direito é o que nos diferencia de nossos adversários. A boa ordem e a disciplina foi o que permitiu a nossa vitória contra a tirania estrangeira repetidamente", escreveu Spencer. "Infelizmente tornou-se aparente que neste respeito, eu já não partilho da mesma compreensão com o comandante em chefe que me indicou.

"Já não partilho da mesma compreensão que o comandante-chefe que me nomeou, no que diz respeito aos princípios fundamentais da boa ordem e da disciplina", escreveu Spencer nesta carta publicada pelos meios de comunicação americanos. "Reconheço a cessação dos meus deveres como secretário da Marinha dos EUA."

Horas antes, o secretário de Defesa Mark Esper tinha pedido a Richard Spencer que se demitisse do seu cargo civil.

Mark Esper também determinou que o soldado em questão, o chefe de Operações Especiais Edward Gallagher, deveria ser autorizado a manter o distintivo Trident, que o designa como um SEAL, pondo termo aos esforços da Marinha para realizar uma revisão pelos pares que poderia tê-lo expulso da força de elite.

Trump, que defendera publicamente Gallagher, mostrou a sua satisfação e aproveitou para indicar o sucessor de Spencer na Marinha, o atual embaixador na Noruega Ken Braithwaite.

"Eddie vai reformar-se pacificamente com todas as honras que obteve, incluindo o seu Trident", disse Trump no Twitter.

O agora demitido secretário da Marinha, Richard Spencer, deu a entender na semana passada que estaria em desacordo com Trump, ao defender que Gallagher devia enfrentar um conselho de revisão de pares.

Em julho, o marinheiro da tropa de elite foi absolvido por um júri militar de assassinar um combatente do Estado Islâmico no Iraque, capturado e ferido, esfaqueando-o no pescoço. No entanto, condenou-o por posar para as fotografias ao lado do cadáver. Essa condenação teve como consequência a patente rebaixada.

No dia 15 de novembro, a Casa Branca anunciou que Trump restaurou a patente de Gallagher e perdoou dois oficiais do Exército acusados de crimes de guerra no Afeganistão. Os críticos disseram que tais ações minam a justiça militar e transmitem uma mensagem de que as atrocidades no campo de batalha serão toleradas.

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, elogiou Spencer por "enfrentar o presidente Trump quando ele estava errado, algo que muitos nesta administração e o Partido Republicano têm medo de fazer".

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