Eleições marcadas pela falta de liberdade e imparcialidade

A missão de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) afirmou hoje, em comunicado, que as eleições legislativas de domingo na Bielorrússia não foram livres, nem imparciais.
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"Uma eleição livre implica que as pessoas são livres para se exprimirem e disputar um mandato, mas nós não vimos nada disso durante a campanha", indicou o coordenador da missão, Matteo Mecacci.

A OSCE acrescentou que as autoridades eleitorais não foram imparciais e afirmaram ainda ter reservas quanto à contagem de votos.

"Estas eleições, desde o início, não deixaram lugar para a concorrência", acrescentou Mecacci.

Segundo a missão, apesar das melhorias introduzidas na legislação eleitoral em 2010 e 2011, o quadro legal não garante que as eleições estejam de acordo com as recomendações da OSCE e das normas internacionais.

A missão também relatou que muitos observadores não puderam acompanhar a contagem dos votos de maneira efetiva, o que é um fator negativo para o processo.

Esta manhã, o Governo da Bielorrússia já tinha rejeitado as críticas dos observadores estrangeiros sobre as eleições, antes mesmo de serem divulgadas.

"Os observadores não veem o seu papel não como uma ajuda para nós, mas como um meio de criar situações conflituosas no país e depois recusam reconhecer as eleições" como legítimas, declarou a chefe da comissão eleitoral central, Lídia Ermochina.

"Se as coisas são orientadas de maneira positiva, nós vemos as coisas de maneira positiva, podemos ver diamantes no céu. Entretanto, se temos uma posição negativa a partida, então vemos os quadrados negros de [o pintor russo Kazimir] Malevitch", acrescentou a responsável, citada pela agência noticiosa russa Interfax.

Os resultados indicam que nas eleições, que foram boicotadas pelos principais partidos da oposição, 109 dos 110 assentos do parlamento foram favoráveis a candidatos ligados ao Governo, havendo uma participação de mais de 74 por cento, segundo a comissão eleitoral.

O 110.º assento deverá ser escolhido numa segunda volta.

No domingo à noite, a oposição afirmou que os resultados e a taxa de participação anunciados oficialmente foram falsificados.

Nos últimos quatro anos, o papel do parlamento bielorrusso limitou-se, essencialmente, a validar as determinações do Presidente, segundo a oposição e os observadores.

Nenhum deputado da oposição foi eleito nas legislativas precedentes, num país governado por Alexandre Lukachenko há 17 anos.

A controversa reeleição de Lukachenko, para um quarto mandato, em dezembro de 2010, levou milhares de manifestantes às ruas de Minsk para denunciar as alegadas fraudes no sufrágio.

O Governo alemão descreveu hoje como "uma tragédia" para a Bielorrússia a ausência de oposição no novo parlamento do país, na sequência das legislativas de domingo.

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