Elba, mulher galega do Mesolítico, tinha a pele negra
Tinha cerca de um metro e meio de altura, entre 20 e 40 anos, não comia carne, era intolerante à lactose e seria pastora. Era o que se sabia até agora do esqueleto descoberto em 1996 na Galiza, datado de há 9300 anos. Também já se sabia que Elba - o nome celta que recebeu dos arqueólogos e que significa "aquela que vem das montanhas" - tinha os olhos e o cabelo escuro. Agora, os exames genéticos revelaram outra característica: tinha a pele negra.
De acordo com o jornal El País, a aparência de Elba, reconstruída por uma artista forense especialista neste tipo de reconstruções a partir apenas do crânio, será divulgada brevemente, na reabertura do Museu Geológico de Quiroga, em Lugo (Galiza), próximo de Pedrafita do Cebreiro, onde foram encontrados os restos fósseis.
O fóssil foi datado, pelo método de carbono 14, no Mesolítico (o período de transição entre o Paleolítico e o Neolítico) e é o mais antigo encontrado na Galiza. Segundo o El País é também o primeiro fóssil feminino do Mesolitico a ser estudado na Península Ibérica.
O que explica a pele escura de Elba? "Os movimentos humanos estão sujeitos às glaciações e a Galiza pode ter sido habitada ao mesmo tempo por grupos de pele mais branca e outros de pele mais escura", sublinhou ao jornal Vidal Romaní, geólogo, membro da Real Academia Galega de Ciências e um dos responsáveis pelo estudo. "A pele é um traço físico que muda de forma relativamente rápida" em função do meio ambiente, explicou.
Geneticamente, Elba é aparentada com fósseis encontrados no norte de Portugal.
A história de Elba foi reconstituída, na medida do que é possível, com base nas pistas reveladas pela análise dos ossos do esqueleto, mas igualmente dos restos fósseis de três auroques (uma espécie de bovino selvagem, já extinto, considerado o ancestral do gado doméstico) que foram encontrados muito próximos dos restos fósseis da mulher pastora. Também pela análise geológica dos sítios onde foram encontrados, os cientistas admitem que a mulher e os auroques tenham morrido na sequência de uma queda de 15 metros, quando passavam sobre o teto de uma gruta que abateu à sua passagem.
A investigação, promovida pelo Instituto Universitario de Xeoloxía Isidro Parga Pondal, revelou também que esta mulher do Mesolítico não teria uma vida fácil, revelando marcas de um traumatismo no crânio que datará da sua infância. Sofria de artrose e, concluíram os cientistas, devia padecer de uma forte dor de dentes nos meses anteriores à sua morte.