Edifício de 17 andares no lugar de palacete no centro de Lisboa

A Associação de Moradores contestou hoje a construção de uma torre de escritórios com 17 andares na Avenida Fontes Pereira de Melo.
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O projeto, que esteve em consulta pública de 27 de novembro até hoje, prevê também a construção de uma praça e de uma zona arborizada.

"Está-se a perder toda a identidade daquilo que é a as Avenidas Novas. Não há projetos de recuperação de edifícios cheios de história, de património e arquitetura e opta-se por demolir e fazer um prédio com dezenas de andares em sua substituição", afirmou José Soares, da Associação de Moradores das Avenidas Novas.

Segundo o representante, a criação desta infraestrutura vai levar à demolição do que resta de um palacete, junto à Maternidade Alfredo da Costa (MAC) e ao Hotel Sheraton (que tem 100 metros e 26 andares).

"Não somos a favor da construção nos sítios declarados de interesse municipal e público", nem de "deitar abaixo um palacete que pode contar muita história de Lisboa e que chegou a um [adiantado] estado de ruína", reforçou.

José Soares referiu também que a torre irá aumentar o tráfego automóvel na Avenida República e no Marquês de Pombal, ligados pela Avenida Fontes Pereira de Melo, e que isso se irá repercutir na poluição.

Paralelamente a estas críticas, a historiadora Miriam Halpern Pereira criou uma petição 'online' contra este projeto, que contava às 19:25 de hoje com 350 assinaturas.

No documento, lê-se que "há vinte anos que se aguarda uma solução para o espaço, ocupado por um belo edifício antigo e [pelo] seu jardim, abandonados e transformados em local de estacionamento de carros", em frente à MAC.

De acordo com a memória descritiva do projeto, disponibilizada no 'site' da Câmara de Lisboa, pretende-se que a torre, destinada a escritórios e comércio, seja "um emblema de futuro" e que atraia empresas que têm deslocado a sua atividade para fora de Lisboa.

A par deste edifício, deverá ser criada uma praça, com o intuito de aumentar a "área de espaço público qualificado de acesso pedonal" e onde poderá ser colocado um quiosque, lê-se no documento.

A praça permitirá também "articular tempos históricos", de espaços ali à volta, como a Casa Malhoa, a Maternidade Alfredo da Costa, o Hotel Sheraton e o Centro Comercial Imaviz, é referido.

No projeto, realizado pelo 'atelier' Barbas Lopes Arquitetos para um concurso de ideias promovido pela Torre da Cidade e no qual a Câmara foi júri, está ainda prevista uma zona arborizada, com folha caduca e perene, e seis pisos de estacionamento subterrâneo, com 243 lugares.

Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, o presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Daniel Gonçalves, disse que "a cidade não pode continuar a ter espaços desprezados e não qualificados, como o quarteirão em causa está há várias décadas", pelo que defende a aposta na reabilitação, "com este ou com outro projeto, desde que seja cumprida a lei e o Plano Diretor Municipal".

A Lusa também questionou a Câmara de Lisboa, que remeteu informações sobre a consulta pública para um relatório com os contributos recebidos, a divulgar nas próximas semanas.

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