Edgar Silva. "O nosso resultado está a ser construído a pulso, palmo a palmo, voto a voto"
De braço dado, o secretário-geral do PCP, Jerónimo Sousa e Edgar Silva desceram esta quinta-feira o Chiado, na tradicional arruada de Lisboa. Já sabiam de algumas sondagens, todas a prever uma vitória de Marcelo Rebelo de Sousa à primeira volta das eleições presidenciais, que se realizam no próximo domingo. Este cenário é, nas palavras do candidato, "a única derrota" que pode ter, mesmo se ficar, como também preveem as sondagens, abaixo da votação de Marisa Matias. Mas, à cabeça de uma massa compacta de apoiantes (três mil, segundo a organização), que desceram o Chiado debaixo de uma persistente chuva miudinha, não deixaram escapar nenhum sinal de angústia, nem de tristeza.
Pelo contrário. Sorrisos na cara (principalmente Edgar Silva que acenava, encantado, para todos os lados), deixaram clara a atitude que os comunistas devem assumir, pelo menos, até ao dia das eleições. As sondagens, essas, "não captam" emoções e estão por ser criados "estudos de opinião que sintam a energia do povo". "Só alguém muito insensível pode ficar indiferente a esta maré de apoio que está aqui", dizia no Rossio, Edgar Silva. "Abril está aqui vivo nesta rua do Carmo e tem que dar frutos no dia das eleições. Ninguém pode apagar a chama da esperança, da confiança em abril, que foi acesa no dia 4 de outubro. O nosso resultado está a ser construído a pulso, palmo a palmo, voto a voto. A batalha ainda não acabou. As sondagens são o ontem e o anteontem, o passado", salientou, para acrescentar a sua nota poética do dia: "a vida está a ser construída. O futuro...está por fazer e somos nós que o estamos a criar".
Antes, Jerónimo também tinha manifestado "toda a confiança" na candidatura de Edgar Silva, "a única que apresentou ideias para o país e combateu verdadeiramente a abstenção". "Fizemos boa cara ao mau tempo", brincou o líder do PCP, "faça chuva ou faça sol, não desistimos nunca dos combates antes de serem travados". Lembrou que Marcelo Rebelo de Sousa dizia, "há uns dias, que a campanha não se devia arrastar, confiante", mas que "a cada dia que passa, a sua votação está a recuar". "Não vamos nessa conversa, fazemos a nossa campanha até ao fim e acreditamos na derrota da direita, que o povo português já recusou nas eleições legislativas de 4 de outubro". "Edgar avança, com toda a confiança", gritaram centenas de apoiantes. Depois, a rua do Carmo cantou o hino nacional. Viam-se alguns punhos fechados no ar. E as gotas da chuva miudinha a dançar na luz dos candeeiros.