Edgar Silva encerra no "berço da nação". Contra Marcelo, marchar, marchar
Substituir as as expressões "heróis do mar" por "coletivo comunista" e "canhões" por "direita" ou "Marcelo" e o hino nacional serviria na perfeição como o hino da campanha de Edgar Silva. Acabou por ser, na prática, pois nenhuma outra música foi cantada pelos apoiantes nesta campanha.
Esta noite, no comício de encerramento em Guimarães, "A Portuguesa" teve um gosto muito especial. O "berço da nacionalidade" foi escolhido pelos comunistas para encerrar - ou "quase encerrar", como diria Edgar Silva, "pois daqui até domingo é preciso ir ao contacto de todos os patriotas, como sede e fome de justiça, amantes da liberdade, para que votem nesta candidatura" - a campanha dos comunistas. Num auditório onde os 500 lugares sentados não chegaram para todos os que quiseram ouvir o candidato, Edgar Silva sentiu-se bem inspirado. "Esta força de apoio a esta candidatura, para ser possível, teve muito trabalho do coletivo, que está aqui presente, que esteve esta tarde a encher as suas do Porto e tem estado nestas ultimas semanas a crescer em todo o país. Nenhuma outra candidatura conseguiu esta demonstração de força do coletivo. Tornou-se uma campanha de massas", sublinhou. E isto "só é possível", conclui, "porque um homem só de nada vale. E aqui está a força do coletivo a demonstrá-lo".
Antes Jerónimo Sousa, que assistiu à intervenção de Edgar Silva, com um olhar e sorriso visivelmente agradado, tinha alertado para os perigos da "direita poder, com Marcelo
Rebelo de Sousa, voltar ao poder e impedir o novo rumo que o país está a tomar, através da maioria de esquerda no parlamento". Foi cirúrgico e fatal nas críticas. "Apresentou-se como candidato independente, quando foi tudo e mais alguma coisa no PSD, depois marcou distância, por pura tática política. SE alguma vez foi independente foi na indiferença que sempre demonstrou perante o sofrimento do nosso povo vítima das políticas os partidos que o apoiam". O secretário-geral do PCP diz que Marcelo é "o candidato do tricô miudinho, que quer agora unir tudo e todos, mas que seria sempre, se chegasse à Presidência da República, uma frente avançada contra qualquer política progressista, em defesa dos trabalhadores". Portugal, assinalou ainda Jerónimo, "não precisa de um ilusionista da palavra, nem de uma tática do adesivo que diz querem colar tudo e todos".