E ao 7.º dia declarou: "Raios os partam que até as juntas de freguesia nos tiraram!"

A encerrar o dia de campanha no Alentejo, o candidato afirmou que "o apoio do PCP é o selo de garantia desta candidatura. Não engana ninguém"
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"Falavam de flores raras da montanha, rosas albardeiras e orquídeas da serra, os cantares com que fomos aqui recebidos", começou por dizer Edgar Silva ao iniciar a sua intervenção no jantar-comício esta noite em Moura. "São belezas únicas e raras que fazem parte desta história, da identidade desta terra que importa preservar. Tal como os valores de abril, tão preciosos, que importa guardar". Estava dado o mote da mensagem do discurso da noite.

Destacar as "marcas distintivas" da sua candidatura, na defesa desses "valores", o papel de "Provedor do Povo", que entende dever ter o Presidente da República (PR) e a mais valia de ser apoiado pelo PCP: "é o nosso selo de garantia", vincou. E passou a explicar. "É como nos vinhos, há por aí muitos a martelo, não se sabe ou não querem dizer como são feitos", numa referência implícita a Marcelo Rebelo de Sousa. "A nossa candidatura não engana ninguém. Tem o apoio do PCP, mas é aberto a todos os que têm fome de sede e justiça, que defendem os valores de abril, da democracia e da constituição".

Edgar Silva salientou os "problemas de interioridade que se tem vindo a agravar nos últimos anos, que resultam políticas impostas, que trazem empobrecimento e exploração". Esse problemas, sublinhou, "foram ainda mais agravados pelo encerramento de vários serviços públicos no interior do país, como aqui no Alentejo, escolas, tribunais, valências dos hospitais e... raios os partam, até as juntas de freguesia nos tiraram! As juntas eram o polo avançado no Estado, mais perto das populações".

E o PR, na sua opinião, "no pode virar costas ao povo, fingir que não vê este terrorismo social, que causa a morte social. A Constituição diz que ele representa o povo da Republica. Não pode tratar alguns como filhos de segunda e terceira categoria. O PR tem que fazer da causa do povo a sua causa". Por isso, lembra Edgar, a sua candidatura defende que o PR seja um "Provedor do povo, tenha proximidade, seja aquele que quando mais ninguém resolve, seja o seu inesgotável defensor".

Invocando alguns imaginários olhares de desconfiança, justificou: "eu sei que há quem não acha possível. O PR tem tido vaias, apupos, apupos, indignação... mas não é porque o povo tenha mau feitio ou azia. É que o PR tem agido e decidido contra o povo. Não tem que ser assim. Quem nesta República ouve o clamor do povo, dos trabalhadores? Tinha que ser PR".

Antes de terminar, um rasgado elogio aos alentejanos, a assinalar as suas qualidades de luta e determinação. "Aqui não há tradição de vergar, resignar à vontade alheia. Há quem diga, às vezes por aí (encolhe os ombros quando fala) que a vida é mesmo assim, que é a cruz que o nosso senhor nos deu... Não é assim. Esta não é atitude povo do Alentejo, que tem vista largas, tem horizonte, tem luz, tem vontade própria".

A finalizar, um apelo que tem sido comum a todas as últimas intervenções, uma espécie de tiro de partida para a abertura da "caça" ao voto. "Que cada um traga mais 10, mais 20 pessoas vossas conhecidas, gente que saibam que partilha os nossos valores de abril, da democracia, de fome de sede e justiça". E um aviso "informativo": "Há por aí uma ideia que tem de ser combatida e as sondagens ajudam a essa confusão. Não ganha nas eleições de 24 de janeiro quem tiver mais votos. Tem que ter 50% mais um. Como se lembram, a 4 de outubro não bastou ganhar as legislativas. Quem teve mais votos foi derrubado do poder. Por isso, quantos mais votos esta candidatura tiver, menores possibilidades tem Marcelo Rebelo de Sousa de ser eleito PR".

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