"Edgar a presidente, carago!". Comunistas enchem arruada no Porto
Estavam nervosos os "camaradas". Cerca de 15 minutos antes na hora marcada para a arruada no Porto - a tradicional na rua de Santa Catarina - a praça da Liberdade, o ponto de partida, ainda estava pouco preenchida. "A esta hora já cá devia estar o dobro ou o triplo", comentava, com ar zangado, Joaquim Guizande, um reformado dos transportes públicos do Porto. Tinha consigo uma vuvuzela vermelha, daquela cor que Edgar Silva tem dito ser "a dos que lutam pelos seus direitos", que já se fez ouvir em "muitas, muitas outras manifestações". "Esta é altura de estar presente, para dar força", salienta. Guizande não vai ficar desiludido. Daí a meia, quando olhou para a rua de Santa Catarina e a viu repleta de bandeiras e palavras de ordem, tão ruidosas que nem usou a vuvuzela, sorriu com satisfação. "Edgar a presidente, carago!", ouvia-se do passeio.
Durante toda a caminhada, o candidato comunista não fechou a boca de espanto e satisfação. Não tirava o sorriso aberto da cara. A um pedido de comentário, de jornalistas sobre sondagens (em nenhuma Edgar Silva tem mais de 5%), responde "Quem?" e dá uma gargalhada sonora, com Jerónimo de Sousa a seu lado a acompanhá-lo. "Olhem para isto", diz, apontando para a multidão, "é a força do povo que se agiganta, é impossível ser insensível a isto, o movimento é imparável". Literalmente espremido entre apoiantes - "nesta arruada não estamos a andar, estamos a voar", brinca - confessa que "apesar de saber que esta arruada costuma ser muito especial, não estava à espera que fosse assim tão poderosa". Há quem tente uma comparação com a arruada de ontem, em Lisboa, no Chiado, e aposta-se que "esta é maior". Na capital estavam perto de três mil pessoas. "Vê-se aqui uma dinâmica contagiante. Já não são só as sementes que lançámos, já são os frutos do nosso trabalho de mobilização", admite o candidato, enquanto vai acenando, sempre de sorriso aberto no rosto.
"É preciso agora que este rio imparável de energia, este movimento impetuoso, se reflita nos votos de domingo", sublinha. Na sua intervenção no final da arruada Edgar Silva manifestou a sua convicção que esta última arruada da campanha "é uma expressão clara que abril está vivíssimo, não só no Porto, mas nos quatro cantos do país". Lembrou que o voto na sua candidatura "é o único que terá continuidade para depois do dia 24, pois dará mais força às lutas que vêm aí em defesa dos direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores". "Conto com cada um de vós", apelou, "para trazerem votos mil e triunfar abril!.