Economista João Salgueiro diz que crise vai agravar-se

O ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), João Salgueiro, defendeu hoje que a crise económica vai agravar-se "ainda mais" em Portugal, e teceu criticas à falta de estratégia e formação dos dirigentes politicos.
Publicado a
Atualizado a

"A crise financeira provavelmente já acabou, como foi anunciado, mas a crise económica vai agravar ainda mais. e há uma terceira crise por trás de tudo isto, que é a crise da competitividade", afirmou João Salgueiro, no IV Congresso da SEDES, que decorreu no Instituto para a Defesa Nacional, em Lisboa.

Começando por enumerar algumas razões da crise internacional que se atravessa, o economista referiu o "doping" à economia, com o "dinheiro barato e útil", e falta de medidas de instituições como a reserva federal dos Estados Unidos (Fed).

"Ninguém quis ficar responsável por travar esta felicidade às pessoas, a quem o crédito permitiu ter carros, casas e muitos outros bens. Pensaram em travar só quando fosse mesmo necessário. Só que a crise financeira foi maior do que esperavam", disse.

João Salgueiro projectou dados dos últimos seis anos das balanças de pagamentos correntes de vários países do mundo, destacando a dos Estados Unidos e a portuguesa, para dizer que os sinais de crise eram há muito visíveis.

"A crise portuguesa foi anunciada pelos economistas e até pelo INE. Quem esteve atento sabia o que ía acontecer", afirmou.

O economista criticou o que chamou de "erros de falta de visão ou estratégia das classes dirigentes" em Portugal, e defendeu que Portigal não está atento ao que se está a passar no resto do mundo, continuando muito centrado na Europa.

"os nossos dirigentes não sabem o que se está a passar no resto do mundo. devia ser obrigatório ir ver o que se está a passare, antes de assumir um cargo", defendeu João Salgueiro, acrescentando que "uma parte da nossa classe política está povoada por pessoas que querem ou lá chegar ou lá manter-se, e que não têm um projecto".

João Salgueiro esteve à frente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) desde 1992, e foi substituido nestas funções pelo antigo governador do Banco de Portugal e ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos, António de Sousa.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt