Após haver crescido 4,5% ano a ano (a/a) no 1º trimestre (Q1) de 2023, terá crescido 6,8% a/a no Q2 (no Q2 de 2022 o PIB da China crescera apenas 0,2% a/a). É uma excelente taxa de crescimento, mas ficou abaixo da previsão de +7,3%. Porém, a taxa de crescimento sequencial em relação ao Q1 de 2023 foi de apenas 0,8% (o crescimento sequencial no trimestre anterior em relação ao Q4 de 2022 fora de 2,2%)..Com o levantamento das restrições à covid-19 no final de 2022, as vendas a retalho registaram uma boa recuperação no Q1 de 2023, com o consumo de serviços a ter uma recuperação forte. Esta recuperação do consumo interno no Q1 não parece ter tido sequência no Q2 de 2023. A propensão para o consumo está baixa ao ponto de existir o risco de ocorrer deflação; a poupança das famílias diminuiu ligeiramente no último inquérito, embora se mantenha elevada. A taxa de 21,3% do desemprego jovem exacerba o problema..No Q1 de 2023 as exportações mantiveram-se um dos principais esteios do crescimento (+14,8%). No entanto, tiveram uma queda inesperada de 12,4% no Q2 2023, devido ao arrefecimento do ambiente económico global e a uma alteração na estrutura de exportações da China, com um aumento destas para mercados como a ASEAN e o Médio Oriente e uma redução para os mercados dos EUA e da UE. Existe ainda uma alteração em alguns dos principais produtos exportados pela China, com o aumento da participação de produtos de manufatura avançada, como os novos veículos elétricos e híbridos, painéis solares e baterias de lítio..O crescimento da produção industrial acelerou para 3,5% em maio e 4,4% em junho, mas a procura permanece fraca. O investimento privado em ativos fixos encolheu 0,2% nos primeiros seis meses, em forte contraste com o crescimento de 8,1% no investimento de entidades estatais, sugerindo fraca confiança empresarial privada. E os governos provinciais continuam a enfrentar severas limitações financeiras e de receitas próprias, prejudicando o investimento em infraestrutura..O mercado imobiliário, embora a recuperar gradualmente, continua em queda. O investimento imobiliário diminuiu de -10% em 2022 para -5,8% no Q1 de 2023. A pressão de liquidez permanece apertada, tendo o crédito hipotecário caído 10% no Q1 de 2023. Se este permanecer baixo, isso pode tornar-se um problema, já que o mercado imobiliário contribui 23~25% para o crescimento geral do PIB e representa cerca de 40% do investimento anual em ativos fixos da China. É possível que na segunda metade de 2023 o mercado imobiliário continue a recuperação sequencial, mas as fracas compras de terrenos e nova construção não auguram nada de bom quanto ao ritmo dessa recuperação..A recuperação da economia da China após a remoção das restrições relacionadas com a pandemia depende da evolução da propensão para o consumo, do investimento / FBCF e do ritmo de recuperação do setor imobiliário (variável mais rígida e de evolução lenta). Para além de algumas medidas de política monetária e de crédito tomadas recentemente pelo banco central, é provável que um novo pacote de incentivos governamentais seja adotado em breve. Entretanto, os analistas dos principais bancos de investimento do mundo reviram em baixa a taxa de crescimento do PIB da China para 2023, mas ainda o estimam entre 5,1% e 5,7%..Consultor financeiro e business developer www.linkedin.com/in/jorgecostaoliveira